15.4.09

Liga dos Campeões

Alguém mais teve o prazer de ver essa grande jogatana que foi o Chelsea-Liverpool? Consta que lá para os lados de Stamford Bridge houve um aumento súbito da taxa de enfartes entre as 19:45 e as 21:30! Foi melhor que ver o Barcelona a jogar, coisa que, não obstante o deleite, tem feito sem adversário à altura até ao momento. Os confrontos entre Chelsea e Liverpool tornaram-se já um clássico do futebol moderno: raramente bem jogados em termos estéticos, têm sido sistematicamente fonte de grande competição física e guerrilha táctica entre duas equipas de atletas penosamente formatados para ganhar - coisa que faz com que Luís Freitas Lobo tenha sonhos molhados mas que pode provocar bocejos exasperantes ao espectador normal. Mas o jogo de ontem foi, além de tudo isto, bonito de se ver e emocionante (e com golos, muitos golos)!

Mas voltemos ao Barcelona, equipa para a qual já se tornou insultuoso ser comparada ao "dream team" de Crujff. O Barça de Guardiola é muito mais do que aquele conjunto maravilhoso de estrelas que Crujff conseguiu reunir e pôr a jogar a dois toques. É verdade que esta equipa também tem Xavi, Iniesta, Henry, Eto'o e o genial Messi, mas é antes de mais uma equipa que tem o mérito de reinventar o futebol bonito, ganhador e goleador em plena era do futebol mecanizado e barbaramente físico. Nunca os passes verticais a rasgar linhas defensivas, ou as tabelinhas e triangulações em apenas 2 m2, foram tão bem executados e com tamanha objectividade! Claro que só com grandes jogadores se pode jogar tão bem, mas depois de ver o que Guardiola tem feito com o Barça dá a impressão de que andam por aí muitos plantéis mal aproveitados. A única equipa em que se vê também esse esforço para jogar bonito é o Arsenal, mas Wenger, parece-me, não é treinador que consiga incutir aos seus jogadores aquele desejo feroz de ganhar e assim não dá frutos. Enfim, espera-nos uma eliminatória entre Barça e Chelsea e eu pergunto-me porque merecemos isto, mas agradeço e reservo desde já uma grade de minis para o efeito.

Mas tenham lá calma, que hoje é dia de Porto-Manchester e eu não quero que digam que não dou importância ao jogo só por ser o Porto. Não tive oportunidade de escrever sobre a primeira mão da eliminatória e penitencio-me desde já por isso. Foi um crime não ter elogiado aquela exibicão do FCP em Old Trafford, plena de personalidade e sem demonstrar qualquer respeito excessivo pelo MU. Foi também crime não ter destacado o jogão de Fernando, que secou Ronaldo como se estivesse a secar, sei lá, o Marco Ferreira. A verdade é que ficou provado mais uma vez que só o Porto tem verdadeiramente estofo europeu, que é a única equipa nacional que não tem medo de enfrentar qualquer adversário, independentemente do status futebolístico ou do poderio económico que detenha. Claro que isto não é fruto do acaso, é resultado de anos consecutivos de conquistas nacionais e europeias, que aumentam o nível de exigência e fazem com que jogadores menos conhecidos acreditem que tudo é possível com trabalho e sacrifício. Com isto quero dizer que hoje torço pela vitória do Porto e que esta seria bem merecida depois do jogo que fizeram.

(Depois não se esqueçam de relaxar e perder no campeonato.)

1 comentário:

Denise disse...

Olá Bernardo,
Aqui tombo no rasto do Bitaites:-) Muito interessante aquela sua ideia de debatermos a substância das questões ali levantadas.
Se abrir o debate por aqui, terei muito gosto em participar; se não, poderei pensar na possibilidade de o fazer no meu blogue.
E pronto, tem mais uma leitora - com excepção para os posts sobre futebol, assunto que não me motiva mesmo!;-)