24.7.07

Agora que este blog entrou em férias...

...e o tempo dedicado à lanzeira excede largamente as 24 horas de um dia, tenho tido oportunidade de ajustar contas com a leitura cor de rosa. Pessoas intelectualmente mais susceptíveis olharão para uma revista destas e sentirão algo como um Prado Coelho a ler um livro traduzido. O asco transformar-se-á em fobia e provavelmente nunca lhe chegarão a tocar, mas a verdade é que não sabem o que perdem. O mundo do jet-set (ahah) português é uma fonte de incrível criatividade. Vejam só que às vezes até se lembram de fazer uma festa do Branco, e vão todos vestidos de branco - excepto um wannabe que aparece de amarelo -, depois decidem fazer uma festa do Cor de rosa, e vão todos vestidos de cor de rosa - excepto o Carlos Xavier -, e depois decidem fazer uma festa da parvoíce, e são todos parvos - mas essa é uma constante. Além disso, a possibilidade de dizer as maiores alarvidades é infidável - coisa que muito invejo. Só numa revista assim se pode ler algo como eu e o Pachichi de Vasconcellos somos muito chegados a uma semana do divórcio, ou eu nunca fiz bicos ao barão Von Bromsky com os lábios ainda molhados - sim, isto era para baixar o nível. Aquilo é uma espécie de telenovela - talvez mais pornochachada, expressão muito em voga há anos atrás - mas ligeiramente mais afastada da realidade. Por vezes até se conseguem atingir níveis de profundidade de pensamento semelhantes aos momentos finais de cada episódio da Páginas da Vida* do tipo acho que esta separação mudou a minha vida, mas no dia seguinte lá estará esse alguém aos beijos com um novo alguém, que no fundo não são ninguém porque ali ninguém é ninguém - apenas fingem que sim e alguém acredita. Depois existe sempre uma página da mais reles cusquice, escrita anonimamente por Carlos Castro, Claúdio Ramos, ou Maya - as costureiras de serviço - onde os membros da comunidade têm oportunidade de mandar bocas entre si aparentemente subtis, mas apenas venenosas e pouco inteligentes. Testemunhar isto consegue ser melhor que escarafunchar alguns blogs mais intelectuais, que embora façam o mesmo não têm fotografias a dizer Rita Andrade tem um novo peito. Ler uma revista da cor da camisola do Benfica também não é diferente de ir ao circo ou ao zoológico: por muito mau que seja vemos sempre uma palhaçada ou uma macacada que nos faz rir - a grande vantagem é que a revista faz melhor companhia, e tem outras utilizações, na casa de banho.

* (cusquice) Fui só eu que lá vi o Miguel Vale de Almeida?

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