11.11.07

Ena pá, ena pá, ena pá, ena pá! Acho que larguei uma gotinha! (2)

Finalmente posso dizer que faço parte de qualquer coisa! É verdade, meus fiéis seguidores - mãe, pai, avó e irmãos, sim, todos vós! Depois de recusar inúmeros convites para coisas incrivelmente sérias e para as quais não estaria obviamente talhado, eis que me lançaram um repto que exige pouco esforço e dose zero de responsabilidade. O Daedalus, rapaz que aprendeu a ler com Júlio Verne, que leu mais livros nesta semana do que eu em toda a minha vida, e principal responsável pelas minhas consultas ao dicionário - já agora, para completar a descrição, que usa e abusa da finta curta e tem cabelo à João Vieira Pinto -, passou-me uma "bonita corrente" da blogosfera, que consiste em escolher o livro que tenho mais à mão, abri-lo na página 161 e transcrever a 5ª frase. Oh Professor O., mas porquê o livro mais à mão, na página 161 e a quinta frase?, perguntam-me em coro as 3 pessoas mais curiosas. Ora, meus caros amigos, porque sim!, que é que isso interessa? O que sei é que a partir de agora, quando mencionarem o Professor O. - esse ser mítico que aprendeu a ler com o record e que joga futebol ao som de Joanna Newsom -, para além de toda a graxa normalmente necessária para captarem a minha atenção, terão de acrescentar aquele que faz parte de um grupo de pessoas que participou numa bonita corrente da blogosfera, num tom que enfatize devidamente toda a óbvia importância que algo assim tem. É verdade, confesso, desde que fiquei em 2º lugar do concurso de Legos da loja Guiduxa, no Centro Comercial do Bonfim, em Setúbal, em 1987, e no 3º do Regional de Judo disputado no Pinhal Novo em 1994, entre 4 concorrentes - atentem ao rigor factual - que não me sentia assim. Mas adiante! Quis o destino que o livro mais à mão não fosse o Bloco de Notas, de Lazlo Boloni, como seria desejável, mas sim o Que farei quando tudo arde?, de Lobo Antunes, primeiro da estante e excelente exemplar para dar uma de intelectual. Mas depois pensei 'Pera lá, Lobo Antunes?... 'tou fodido!, e não me enganei. Abro o livro na página 161 e, como seria de esperar, não existe sequer uma quinta frase nessa página. Na verdade, a página 161 continua uma frase que começa na página 145, início do capítulo, e que acaba na página 164, fim do mesmo - mas isso já eu sabia! Ainda assim, dou-me ao trabalho de contar as frases, que consiste absurdamente em contar capítulos, e chego à triste conclusão que a quinta frase da página 161 vem na página 223. Ora, como não quero torturar ninguém com as mesmas coisas com que me torturo, vou poupar-vos à transcrição completa de 20 páginas de Lobo Antunes e escolher um trechozito ao calhas:

(...) comprei anjinhos de porcelana para que esvoaçassem na cómoda e a minha mulher

não vais acreditar mas comprou anjinhos de porcelana para que esvoaçassem na cómoda Pilar

a Pilar incrédula

seja quem for incrédulo

- que horror (...)

Estas palavras dir-me-ão certamente muito sobre o momento que estou a atravessar na minha vida, mas não sei bem porquê. De qualquer maneira, posso garantir-vos que agora me sinto um bocadinho mais feliz - mas isso talvez se deva ao que fumei antes de escrever este post. Passo esta bonita corrente ao Paulo Bento (que citará o livro de tácticas de João Alves), ao Pedro Barbosa (que citará Sócrates, o jogador), ao Moutinho (Foucault e Derrida), Miguel Veloso (Pirlo - A minha história), Fernando Santos (Paulo Coelho - Nas margens do rio piedra eu sentei e chorei), Soares Franco (João Ubaldo Ribeiro - A casa dos budas ditosos, ou Paula Bobone), Pinto da Costa (Mario Puzo), e Luís Filipe Vieira (Um livro!?!?).

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