Estava eu descansadinho, de rabo bem colado ao sofá, a praticar o zapping de rotina, quando vejo no telejornal – esse pasquim televisivo - uma notícia sobre as eleições em Lisboa. A minha primeira reacção foi VÃO HAVER ELEIÇÕES EM LISBOA?!?! acompanhada de um imperceptível esgar de espanto, mas logo de seguida voltei a bocejar e a coçar displicentemente o espaço existente entre as virilhas. Confesso, vibro tanto com a política como com as reposições dos programas do Júlio Isidro na RTP Memória. Mais, acho que vejo a coisa como os Morangos com Açucar: o guião é péssimo, os actores pior que merdosos, e por isso nada mais resta a não ser apreciar a paisagem. Ora, como na política só há uma Joana Amaral Dias e esta pouco aparece e nos MCA o cast feminino – refiro-me apenas às maiores de 18, a PJ que não se dê ao trabalho – é renovado a cada seis meses, a escolha é demasiado fácil. O problema é que, como qualquer gato pingado que abra um blog, tenho sido altamente pressionado pelos vários quadrantes políticos para participar na discussão e assumir uma posição sobre estas eleições. Para dizer a verdade, nem sequer voto em Lisboa. Na minúscula terra onde (não) voto, nunca chego a conhecer os candidatos, mas apercebo-me que ganham sempre os que equipam de vermelho, foice e martelo – julgo até que alguém deveria investigar para ver se não há ali marosca. No entanto, como não quero desiludir ninguém e ando à procura de um tacho para rapar, resolvi aceitar o desafio. Informei-me sobredotadamente em cinco minutos sobre o assunto e aqui vai:
Começo por dizer que não votaria no António Costa. Estou a ler o 1984 – sim, eu leio coisas desinteressantes nos intervalos do Record – e ando um pouco paranóico com a possibilidade de concentração de poder num só partido.
Não votaria também no Negrão. Pergunto até: porque é que alguém votaria no Negrão? O homem foi a quarta escolha do partido responsável por tudo isto, sendo que só se lembraram dele depois do – Deus nos acuda - Fernando Pinipon Seara. É preciso dizer mais alguma coisa?
Helena Roseta, nem pensar. Para além de Roseta ser a expressão brasileira para Botão-de-Rosa, algo que não é bom de se imaginar com a Helena, essa coisa de ir contra os partidos depois de se fazer parte da mobília não me entra na cabeça.
O mesmo se aplica a Carmona e acrescento aqui uma preocupação (pouco) sincera com o seu estado de saúde. O homem acredita que faz parte das suas funções andar de BTT e tal, mas aquilo, como se viu, é demasiado perigoso para a sua integridade física e eu não gosto de ver ninguém sofrer, com excepção do Carrilho – não podia deixar de agradecer ao ex-presidente, esse híbrido de Augusto Santos Silva e Prum Face (do Dick Tracy), o prazer que foi aquela humilhação pública do Manuel Maria.
Também não votaria no Rúben de Carvalho. Já estive em Cuba em trabalho de espionagem para a CIA e preferia que me largassem na savana africana todo nú e enrolado em suculentos bifes de vaca a votar em alguém que apoiasse o regime de Fidel. Além disso, sinto sempre vontade de me vingar de todo o Marx que fui obrigado a ler.
Sá Fernandes sai caro, é chato e demagógico até mais não, e nunca me conformaria em aceitar lições de moral de alguém que fuma mais charros do que eu – sim, não é por acaso que o homem precisa de 2348 assessores para carburar.
O Telmo Correia provou nesta campanha que tem um talento inato para lavar paredes e eu acho que se deve sempre aproveitar qualquer talento que a natureza nos dá. Como está difícil ser eleito para vereador, basta esperar um pouco e pedir uma cunha para técnico de superfície. Aconselho também a audição contínua de Muda de Vida, do mestre Variações.
Garcia Pereira mete tanto medo que me impede de fechar a pestana, parece-me que vai acender um rastilho a qualquer momento e mandar tudo pelos ares. Até tremo!
O Câmara Pereira é inofensivo, mas ficava melhor a cantar Lisboa Não Sejas Francesa embrulhado numa capa vermelha no Campo Pequeno em dia de tourada.
Quanto ao outro Zé que faz falta - o proto-Hitler - acho que faz mais falta na Buraca, empunhando um cartaz com uma suástica num concerto dos Irmãos Verdades. Ou então nos chuveiros de uma qualquer prisão americana.
Esqueci-me de alguém? Provavelmente. Os candidatos – como os actores dos MCA – são mais que as mães, mas isso agora é completamente irrelevante. Se votasse em Lisboa, o que faria era desenhar apressadamente uma cruz no quadradinho que dissesse Eu só quero é fugir daqui!
P.S. - Esqueci-me do Manuel Monteiro? Mas quem é o Manuel Monteiro?
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