10.7.07
Couceiro
O Bruno já desancou mais um bocadinho no homem. Eu, como boa pessoa que sou, não quero ir por aí. A sério. Ok, é mentira. Mas para dizer a verdade, verdadinha, até simpatizava com o Zé Peyroteo - é assim que o trato nos comícios de FM. Só que um dia ele chegou ao Porto e tive de passar a gostar menos. Depois saiu do Porto e passei a gostar ainda mais, mas para mim é muito fácil gostar de quem não tem sucesso no FCP ou no SLB. Por exemplo: o Rentería é o meu ponta-de-lança de eleição desde Van Basten, e o Beto, ex-Benfica, é o meu jogador preferido de sempre pós-Stoichkov - e poderia enunciar outros nomes ad infinitum (e esta adenda foi só para poder usar ad infinitum numa frase). O problema é que Couceiro, apesar de nada ter ganho, ficou com o SPFCP (Síndrome de Passagem pelo FCP), que se caracteriza por uma atitude estupidamente arrogante, por aquela ideia conspirativa de que lutam sempre contra tudo e contra todos (excepto os árbitros) e de que nada de mau acontece por culpa deles. Jesualdo, que era o maior panhonha do futebol português, já sofre do mesmo mal e acrescentou-lhe os árbitros, pelo que ao SPFCP teremos de acrescentar PAP (Pós-Apito Dourado) – em breve escreverei uma tese sobre o assunto. Quanto a Couceiro, nada me impressiona mais do que o seu orgulho inabalável em frente ao banco enquanto as suas selecções adolescentes são estilhaçadas no campo: o homem brilha por todo o lado, é a cabeça levantada, são os olhos semi-cerrados, o corpo hirto como uma estátua, o esboço de sorriso maroto e confiante, tudo na direcção das câmaras, como quem diz já me estão a tramar, mas eu sou mais forte e melhor que tudo isto. Depois chegam as conferências e parece que se viu outro jogo: os seus jogadores continuam a ser extraordinários e a sua equipa merecia ter ido mais longe, mas não deixaram - entretanto vamos ouvindo um ou outro jogador que não perdeu a noção da realidade dizer que jogaram mal, que erraram aqui e ali, ou seja, que viu o mesmo jogo que todos os outros. A imprensa, justificadamente, cai-lhe em cima como se não houvesse amanhã. Couceiro - com pouca imaginação e sem vontade de olhar para o espelho para ver algo mais para além da sua impecável figura - defender-se-á mais uma vez dizendo que é fácil criticar quando não se percebe do jogo. Algo me diz que está apenas à distância entre Portugal e Chile de aprender a lição.
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