(Calma, calma, guardem lá os archotes e não se assustem: é para jogar com a camisola do Recreativo de Huelva)
Tenho com Beto, e já agora com Sá Pinto, uma relação que gostaria de chamar amor-ódio, mas que na verdade está bem longe disso. Amor-ódio aplica-se a Figo, por exemplo, e vivo bem assim. Pelo menos é qualquer coisa significante. Mas em relação aqueles dois não há qualquer espaço, por mais ínfimo que seja, para o amor (salvo seja) ou para o ódio. Repulsa talvez se aplique melhor. Não quero que estejam perto, mas se estiverem longe são-me perfeitamente indiferentes. Beto foi aquele outrora promissor jogador que se deixou acomodar a partir do momento que se tornou figura do clube. Beijar o emblema, acenar para as claques, ser o primeiro a rosnar aos árbitros e ficar muito, muito chateado quando se perde, tudo isso faz parte. Mas nunca se pode desistir de tentar evoluir o seu jogo ou de querer ganhar títulos. Acabou por sair sem que ninguém chorasse por ele. Sá Pinto, por seu lado, foi um homem raivoso e mal amordaçado que cometeu a proeza de acabar a carreira em Alvalade com duas estúpidas expulsões. Triste, deplorável até, fim. Nunca percebeu que ter garra não é o mesmo que simular uma trip de anfetaminas. Ficará muito bem a liderar a Juve Leo e Beto até pode ser o gajo responsável pelas bandeirinhas. Mas não consigo imaginar que estes dois se possam tornar símbolos para a posteridade de um clube que teve os Cinco Violinos. O Livramento. O Agostinho. O Carlos Lopes e muitos mais. Que terá Paulo Bento, Moutinho e Miguel Veloso*. Que teve e tem tantos símbolos que superariam com facilidade os de todos os outros clubes portugueses somados. E que teve também inúmeras pessoas como o meu avô que, apesar de muito pobre, não deixou de comprar um saco de cimento para ajudar à construção do velhinho Alvalade - sim, este é o momento de apelar à lágrima. O Sporting, a última coisa de que precisa, é de registar Beto e Sá Pinto no seu livro de extraordinárias memórias.
Ao Beto, quando lhe perguntaram se apertaria a mão a Paulo Bento neste regresso:
Eu aperto a mão a toda a gente. Têm de fazer essa pergunta é a ele: será que ele me vai apertar a mão?
Eu, se fosse Paulo Bento, não só lhe apertaria a mão como lhe desejaria as maiores e mais sinceras felicidades para qualquer experiência longe de Alvalade. Melhor ainda, que fosse para o Benfica.
* Para o ano acrescento o Adrien Silva.
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