22.3.09

Ora bem, vamos lá ver se entendi...

Lucílio Batista disse que não viu o penálti, apenas a mudança de trajectória da bola, e que foi o assistente - que tinha o mesmo ângulo de visão de LB, segundo este - que assinalou o castigo máximo. Pois muito bem. Nem vou questionar como, partilhando o mesmo ângulo, se deu esse milagre de um ver e outro não. Sobrenatural mesmo é que um deles tenha descortinado o penálti quando daquela perspectiva apenas conseguiam ver as costas do Pedro-toma-lá-medalhas-Silva.


Abro desde já uma petição para a reforma antecipada de Lucílio Batista. Basta assinarem o vosso nome (e observações) nos comentários deste post.

Fechem tudo a sete chaves! Ponham trancas nas portas, grades nas janelas, cadeados nos baús! Mudem os códigos dos vossos cofres, cartões multibanco...

...telemóveis! Escondam os vossos filhos, animais, electrodomésticos! Foda-se, mudem de casa e de país se tiver de ser!

















Lucílio Batista anda à solta.

12.3.09

Agora sim, a tragédia grega

(Miguel Veloso! Sim, tu aí no canto, com esse ar de quem não faz mal a uma mosca mas que no fundo é a raiz de todos os males do mundo e do universo. Sim, tu! Põe bem os olhos neste post que é a última tentativa de salvar a tua carreira. Treme - dos pés à cabeça! -, que é caso para isso. Outros houve que depois de passarem por aqui nunca mais se levantaram. Veloso, Veloso. Estou a pensar nas mil e uma maneiras que tenho de te envergonhar. Deixa-me ver por onde começar... Lê bem com atenção esta introdução teatral, que o que vem aí é bem mais real.)

Não pensem que vou arranjar bodes expiatórios para a cabazada que levámos, não se trata disso. Este assunto anda a perseguir-me desde a temporada passada e nunca me dediquei a explorá-lo - que é como quem diz: tenho sérias contas a ajustar.

Ainda me lembro da primeira época de Veloso. Encantava vê-lo jogar. Cheguei a escrever um post em seu louvor, comparei-o a Pirlo num momento de delírio. Hoje vejo-o e lembro-me, sei lá, de Bruno Caires, se bem que este nunca fez mal a ninguém.

Isto para dizer que Veloso se está a tornar na espécie de jogador que mais odeio: o jogador seboso. Veloso, o Seboso. Rima e não é por acaso. O jogador seboso é aquele que após demonstrar alguma qualidade logo se apressa em fazer tudo o que está ao seu alcance para se pôr a andar. Não interessa para onde, desde que lhe paguem mais. Bolton?!? Por amor da santa. Veloso não se importaria de jogar no quintal de Abramovich em troca de umas notinhas. Veloso fala de si mesmo na terceira pessoa, o que, quando não se trata de um inofensivo trejeito de jogador brasileiro, é apenas a maneira de falar de alguém que tem o ego tão fora de si que se obriga a mencionar daquela forma. A estratégia é clara - alea jacta est. O objectivo é vencer pela exaustão. Tornar a sua situação tão insuportável que nada mais restará ao clube senão deixá-lo sair. Mas Veloso engana-se se pensa que algum grande clube o vai buscar. Os grandes clubes não gostam destas fantochadas, mas se ainda assim se atreverem a fazer uma proposta, o Sporting vai elevar a parada porque os grandes clubes podem pagar. É então que os gigantes vão recuar, porque se ainda põem a possibilidade de adquirir Veloso, o Seboso, a um preço de saldo, já não estarão tão dispostos a esbanjar uma fortuna por um jogador com tendência para a palhaçada. Parece um ciclo vicioso, não parece, Veloso?

De modos que, se a situação se desgastar assim tanto, Veloso, o Seboso, lá irá para um Bolton qualquer a metade do preço. Tanto faz, pensará ele, que a partir daí é sempre a subir. Engana-se. Veloso, como tantos outros que jogam neste tipo de risco, acabará por se foder. Num campeonato inglês não faltam Velosos, e só se destacam aqueles que demonstram forte personalidade. Ao Seboso, bem se vê, é personalidade que lhe falta.

Há sensivelmente dois anos, Veloso assinou novo contrato com o Sporting. Foi aumentado exponencialmente a troco de uma cláusula de rescisão de 30 milhões de euros. Fê-lo de livre vontade, ninguém o obrigou. Se Veloso planeava assim tanto sair, então que não renovasse, que jogasse o que sabe enquanto acabava o contrato, e depois que se pusesse a andar para onde bem entendesse. Mas não, Veloso, o Seboso (não me canso), queria, acima de qualquer outra coisa, ganhar mais uns trocos no imediato. A claúsula de 30 milhões seria só um pequeno obstáculo no futuro.

Surgiram as primeiras propostas. Baixas, entendam-se. O Sporting, que ao contrário de épocas anteriores, não estava obrigado a vender jogadores para equilibrar as finanças, recusou. E bem. O Seboso amuou. E é aqui que vamos para a comparação dolorosa:

Temos Veloso, o Seboso, de um lado, e Moutinho, o Indomável Leão, do outro. Ambos tiveram propostas, ambas foram recusadas. Ambos ficaram tristes e até aí tudo bem.

Moutinho, disse-o então entre amigos, reagiria da única forma que sabe: matar-se-ia em campo para fazer a melhor temporada possível e ver se saíria no final. Até agora é exactamente isso que tem feito. Para grande tristeza minha, sairá, mas merece-o e ficar-lhe-ei eternamente grato. O sucesso espera por ele. Manchester, talvez? Seria o substituto natural para Paul Scholes. Arsenal? Se Fabregas sair, poderá ocupar o seu lugar. Um destes clubes não o deixará escapar.

Veloso, já se estava a topar desde que se tentou vender durante o Europeu, faria todos os possíveis para minar a sua estadia no Sporting. Ao ponto de valer tudo: declarações desrespeitosas para colegas e treinador, faltas aos treinos, lesões que não existem, mais declarações desrespeitosas, o pai a falar por trás, e por aí adiante. E pior ainda, Veloso, o Seboso, julga que todos os adeptos são parvos e vai tentando mascarar as suas intenções com frases do estilo "devo tudo ao Sporting, sou feliz aqui", etc. É nojento de mais. Depois vêm as atitudes em campo. Esta época só o vimos jogar medianamente na Liga dos Campeões. É curioso, não é? Ontem, por exemplo, tinham passado apenas 10 minutos de jogo e já estava a esbracejar com Pedro Silva por este, após receber a bola de Rui Patrício para iniciar um ataque, não ter logo virado o flanco para que fosse o menino seboso a mostrar serviço. Mais, assim que teve a possibilidade de marcar um canto, tentou marcá-lo directamente à baliza. E foi ainda o único jogador a sorrir no momento trágico que assola o Sporting. Aqui está Veloso, o Seboso, em todo o seu esplendor. O clube não o defende? Errado. O clube já o defendeu em demasia.

A coisa assume contornos de tragédia grega quando pensamos em Paulo Bento, pai adoptivo destes dois, que com ele subiram dos juniores à equipa principal. Um retribui com empenho e dedicação o carinho, independetemente de momentâneas frustrações. Chama-se lealdade. O outro acabará por traí-lo definitivamente. Tudo passado no idílico cenário da academia, onde todos os filhos são tratados por igual e aos quais é dada toda a formação necessária para que possam ter sucesso em todas as paragens.

Veloso, o Seboso, não passará de um mediano jogador, interesseiro e oportunista. Daqui a uns anos é vê-lo pedinchar para voltar a um grande.

Assim escreveu o Professor O.

Já estivemos mais longe de uma tragédia grega

Vamos por partes. O que se passou ontem não foi péssimo, não foi horrível, não foi assustador. Ou melhor, não foi só isso. O que se passou ontem foi muito mais grave. Poderia dizer que foi embaraçoso, mas embaraçoso é, por exemplo, mijar as calças no pátio da escola secundária durante o intervalo. Um grupo de 14 homenzinhos a borrar as cuecas em frente a 100000 espectadores é simplesmente confrangedor.

E não tenhamos dúvidas, foi isso que se passou. O fantasma de uma nova goleada foi bem maior do que a vontade de mostrar serviço. Não há diferença qualitativa assim tão grande entre as duas equipas que justifique o desnível na eliminatória. Há dois anos, o Sporting foi a Munique cheio de personalidade empatar 0-0, com Moutinho a atirar uma à barra. Esse Munique era melhor que o de hoje e o Sporting de então tinha menos soluções. Ainda assim, aconteceu. E era só isso que era preciso. Concentrada, mas descontraidamente, jogar à bola o melhor que sabem. Sem medo, que nada havia a perder.

Mas que dizer de um jogo onde Polga, um exemplo de sobriedade e concentração - e provavelmente o melhor central do nosso campeonato -, consegue estar envolvido em praticamente todos os golos do adversário, entre falhanços, escorreganços e outros -anços? Tive pena dele, a sério que tive, especialmente depois de ler a gozação da imprensa alemã. Apeteceu dar-lhe colinho, embalá-lo e sussurrar ao ouvido "pronto, bebé, já passou, já passou" - ok, isto foi assustador, mas foi mais ou menos assim. Tive pena daqueles jogadores do plantel que, pela sua qualidade, já deram muito mais ao Sporting do que o contrário (leia-se títulos nacionais). Polga, Liedson e Moutinho, por exemplo. E peguemos neste último: apesar do golo, foi a primeira vez na sua carreira que fez uma má exibição. Moutinho, o jogador mais maduro do plantel, o nosso "skipper", o homem que independentemente de querer sair nunca deixou de se exibir ao mais alto nível (sim, isto é para ti, Veloso, mas já lá vamos), perdeu completamente o norte. Liedson, felizmente, não esteve lá. Não suportaria assistir ao sofrimento de mais um ídolo. E permitam-me só uma palavrinha para Derlei e Vukcevic. O primeiro pela abnegação e esforço, o segundo por insistir em mostrar a sua qualidade em condições tão adversas. E claro, Paulo Bento. Não acredito que tenha sido ele a incutir o medo nos jogadores. Tampouco foi pela estratégia que perdemos, que nenhuma táctica registiria à quantidade de merda acumulada entre as pernas dos jogadores. Tenho pena do que vai ter de aturar nos próximos dias, com pedidos de demissão e assim, mas ele aguenta-se. E se ninguém o disser, eu digo: PAULO BENTO, FICA!

Quanto aos restantes, pouco há a dizer. Ninguém se salvou da derrocada, nem um só.

Foi um desastre, pronto. Provavelmente o momento mais confrangedor desde que vejo o Sporting jogar. O 3-6 não foi confrangedor, por exemplo. Este foi. Perder é mau, perder por muitos é muito mau, mas exibir-se desta forma é que é particularmente assustador.

Mas chega, já passou! E este fim de semana vamos ganhar 4-0 ao Rio Ave. Podem apontar desde já nos blocos de notas com que se fazem acompanhar sempre que lêem estas crónicas. No entretanto, vamos lá queimar o Miguel Veloso:

(sigam para o próximo post)

Bem que nos esforçámos,

ninguém pode negar que houve grande empenho, esforço e dedicação. Mas ainda não foi desta que batemos o recorde do Benfica contra o Vigo. Paciência, fica para a próxima. Como consolo fica a ideia de que pelo menos fizemos a mesma figura triste.







Mas enfim, falemos a sério. Não que tenha vontade, diga-se, mas por respeito aos milhares de pedidos que chegaram à minha caixa de correio electrónico (estou sempre na berra no que diz respeito às expressões, eu sei). Como o de Pedro, por exemplo, um benfiquista ligeiramente provocador que, não fosse o seu gosto por Philip Roth, retalharia em pequeninos pedaços em duas ou três penadas futebolísticas. Mas eu sou um verdadeiro gentleman nos momentos de glória e não é o facto de termos batido dois recordes num só dia que me vai mudar.


Ok, agora é que é. Falar a sério, portanto. Caso ainda não tenham reparado, estou a evitar chegar lá. Esperei 24 horas para comentar este assunto, se o tivesse feito ontem os resultados teriam sido catastróficos e a minha candidatura à presidência do Sporting poderia ficar comprometida - por falar nisso, onde anda a petição desencadeada espontaneamente na net pelos adeptos do Professor O.?


Vá, desembucha. Tu és capaz. Fala contigo na terceira pessoa que vais conseguir. Faz como Veloso. Pensa como Veloso.


Ah, já sei! Veloso, pois claro. Veloso, o meu maior ódio de estimação desde que Flora saiu das televisões portuguesas. Ora bem, aqui vai:


(passar para o post seguinte)

3.3.09

Quis o destino...

...que me enganasse ao escrever o endereço do meu próprio blogue e fosse remetido para o homónimo da sapo - sim, às vezes também me engano no caminho para casa. Lá chegado, a surpresa: uma fã de Paulo Coelho que escreve poesia com muitas cores e, suponho eu, se encontra em perfeita harmonia com a vida. Não se enganem, eu gosto de Paulo Coelho. A sério. Se me esperam ver desancar no senhor, podem voltar desde já para o link de onde vieram. Este grande escritor mostrou-me, qual profeta, como poderia encontrar o caminho para tal harmonia. Foi após ler Nas margens do rio Piedra eu sentei e chorei, livro por demais marcante. Desde então sempre acreditei que me sentiria completamente preenchido se um dia, ao caminhar do trabalho para casa, me deparasse com o Paulo Coelho empalado num daqueles enormes postes de electricidade, de preferência aceso. Bem sei que me contento com pouco, mas fico-lhe sincera e eternamente grato por me abrir os olhos. Enquanto os dias passam e Paulo Coelho não satisfaz o meu desejo, vou tranquilamente cuspindo para todas as obras de Margarida Rebelo Pinto que encontrar nos supermercados. Sim, se ousarem pegar numa e repararem que algumas páginas estão coladas, já sabem do que se trata. Não fiquem tristes: além de vos ajudar a sentir repugnância por tais exemplares, ainda podem ficar com uma espécie de autógrafo que daqui a 20 anos poderão vender no ebay por uns magníficos 100000 dólares do Zimbabwe.

sic transit gloria mundi

Tenho feito um esforço enorme para não comentar a actualidade sportinguista, e acreditem que só eu sei o que isto me custa: nestes momentos a auto-mutilação com uma pistola de pregos previamente mergulhados em ácido sulfúrico chega a parecer-me uma experiência agradável.

Tudo começou com mais um "ciclo decisivo" que se avizinhava. Ora, a minha experiência enquanto moderado (sim, eu sei) adepto sportinguista ensinou-me ao longo dos anos que as palavras "ciclo decisivo" correspondem na verdade a uma espécie de sirene-de-ataque-nuclear-corram-todos-para-os-bunkers-que-só-saímos-vivos-desta-se-por-milagre-nos-transformarmos-em-baratas. Não tinha de ser assim, mas é. E olhem, que se foda. Mas foi por isso que não me apressei em louvar a brilhante vitória sobre o clube da menstruação*. Era certo e sabido que logo a seguir levaríamos cinco humilhantes bordoadas do Bayern. Eu mesmo acordei nesse dia, utilizei as minhas humildes faculdades premonitórias e previ milimetricamente o resultado, com marcadores e minutos incluídos. Vai daí apostei toda a minha fortuna (todos os 0,50 € que consegui por 10 cartas de magic the gathering que andavam para aqui perdidas desde 98) nesse mesmo resultado e enriqueci para lá da vossa imaginação. É assim, a idade ensina-nos a transformar as frustrações em experiências enriquecedoras (literalmente).

Da mesma forma que encaixámos aqueles cinco, também previ que não perderíamos no Dragão. Não podíamos. As expectativas estavam tão baixas que não nos restava mais nada a não ser superá-las. 0-0 e tudo bem, afinal estamos vivos, mesmo que transformados em baratas gigantes dignas de Kafka. Com isto quero dizer que, apesar de tudo, este até nem foi um mau ciclo. Já vimos bem pior, acreditem - lembram-se de *cruzes, credo!* Peseiro?

Vamos ser eliminados da Liga dos Campeões, mas isso não é surpresa. Surpresa é, nesta altura do ano, não estarmos já completamente impossibilitados de ganhar toda e qualquer competição. Sim, é verdade, este ano até está a correr bem. Ainda podemos ganhar essa grande competição que é a Taça da Liga e até temos uma magra hipótese de ganhar o campeonato! Então meninos, esse entusiasmo? O truque é, tchan-tchan, baixar as expectativas e tornarmo-nos incrivelmente cínicos e sarcásticos. Não custa nada.

Agora, falando um pouco mais a sério, quero apenas dizer aos outros adeptos sportinguistas que tenham juízo. O cabelinho à foda-se do Paulo Bento e o próprio Paulo Bento não são o problema. PB é o melhor treinador que passou pelo Sporting desde que me lembro de ver futebol. O problema do Sporting é o mesmo desde as décadas de 40 e 50: perdeu o estatuto de clube dominador e ganhador e nunca mais recuperou a atitude necessária. Não é fácil, não se constrói do dia para a noite. O Porto bem que penou até se tornar no que é e o Benfica tem tido ainda mais dificuldades que nós para recuperar. Bento, apesar dos pequenos-grandes-percalços (leia-se Bayern), é o único treinador que efectivamente consegue incutir aos poucos essa mentalidade e nos momentos mais improváveis. Não me lembro de ver os jogadores do Sporting comerem a relva como já fazem aqui e ali com Bento. Caguem no futebol bonito: com Queiroz era lindo e bem que nos fodemos e humilhámos em doses gigantescas. Bento joga para o resultado, é calculista, é disciplinador qb. É tudo o que precisamos para recuperarmos o lugar ao sol. É preciso deixarmos de lado as ilusões. Quem vem para substituir Bento? Quem mais pode realmente fazer um percurso sólido e construtivo a médio-longo prazo apoiado na formação, que é, quer gostem ou não, o único caminho possível? Ah, cresçam e apareçam!

O que me irrita profundamente é que se está a criar um clima que pode impossibilitar desde já a continuidade do mesmo. E, mais uma vez, lá se vai começar um novo projecto, cujos resultados não vamos chegar a ver porque o próximo treinador não vai durar mais do que uma temporada no cargo e se durar terá um fim ainda pior do que Paulo Bento. Quantas vezes temos de ver o mesmo filme para aprendermos estas coisas? Fico fodido, a sério que fico.

Ok, já passou. Vou jogar PES.

* já revi aquela jogada do Pereirinha perto de um milhão de vezes.