Vamos por partes. O que se passou ontem não foi péssimo, não foi horrível, não foi assustador. Ou melhor, não foi só isso. O que se passou ontem foi muito mais grave. Poderia dizer que foi embaraçoso, mas embaraçoso é, por exemplo, mijar as calças no pátio da escola secundária durante o intervalo. Um grupo de 14 homenzinhos a borrar as cuecas em frente a 100000 espectadores é simplesmente confrangedor.
E não tenhamos dúvidas, foi isso que se passou. O fantasma de uma nova goleada foi bem maior do que a vontade de mostrar serviço. Não há diferença qualitativa assim tão grande entre as duas equipas que justifique o desnível na eliminatória. Há dois anos, o Sporting foi a Munique cheio de personalidade empatar 0-0, com Moutinho a atirar uma à barra. Esse Munique era melhor que o de hoje e o Sporting de então tinha menos soluções. Ainda assim, aconteceu. E era só isso que era preciso. Concentrada, mas descontraidamente, jogar à bola o melhor que sabem. Sem medo, que nada havia a perder.
Mas que dizer de um jogo onde Polga, um exemplo de sobriedade e concentração - e provavelmente o melhor central do nosso campeonato -, consegue estar envolvido em praticamente todos os golos do adversário, entre falhanços, escorreganços e outros -anços? Tive pena dele, a sério que tive, especialmente depois de ler a gozação da imprensa alemã. Apeteceu dar-lhe colinho, embalá-lo e sussurrar ao ouvido "pronto, bebé, já passou, já passou" - ok, isto foi assustador, mas foi mais ou menos assim. Tive pena daqueles jogadores do plantel que, pela sua qualidade, já deram muito mais ao Sporting do que o contrário (leia-se títulos nacionais). Polga, Liedson e Moutinho, por exemplo. E peguemos neste último: apesar do golo, foi a primeira vez na sua carreira que fez uma má exibição. Moutinho, o jogador mais maduro do plantel, o nosso "skipper", o homem que independentemente de querer sair nunca deixou de se exibir ao mais alto nível (sim, isto é para ti, Veloso, mas já lá vamos), perdeu completamente o norte. Liedson, felizmente, não esteve lá. Não suportaria assistir ao sofrimento de mais um ídolo. E permitam-me só uma palavrinha para Derlei e Vukcevic. O primeiro pela abnegação e esforço, o segundo por insistir em mostrar a sua qualidade em condições tão adversas. E claro, Paulo Bento. Não acredito que tenha sido ele a incutir o medo nos jogadores. Tampouco foi pela estratégia que perdemos, que nenhuma táctica registiria à quantidade de merda acumulada entre as pernas dos jogadores. Tenho pena do que vai ter de aturar nos próximos dias, com pedidos de demissão e assim, mas ele aguenta-se. E se ninguém o disser, eu digo: PAULO BENTO, FICA!
Quanto aos restantes, pouco há a dizer. Ninguém se salvou da derrocada, nem um só.
Foi um desastre, pronto. Provavelmente o momento mais confrangedor desde que vejo o Sporting jogar. O 3-6 não foi confrangedor, por exemplo. Este foi. Perder é mau, perder por muitos é muito mau, mas exibir-se desta forma é que é particularmente assustador.
Mas chega, já passou! E este fim de semana vamos ganhar 4-0 ao Rio Ave. Podem apontar desde já nos blocos de notas com que se fazem acompanhar sempre que lêem estas crónicas. No entretanto, vamos lá queimar o Miguel Veloso:
(sigam para o próximo post)
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2 comentários:
" provavelmente o melhor central do nosso campeonato"
Isso é dos nervos ainda, não é?
Claro que não, é mais do que consciente. E não é só agora, Polga tem sido o melhor central desde que Pepe se foi embora.
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