4.12.07

E agora para algo completamente diferente





Como É Bom Tocar-te (sobre On Touching, de Jacques Derrida), pela companhia Tok'Art

dia 8 de Dezembro no cinema S. Jorge, em Lisboa

Concepção e coreografia de André Mesquita, em colaboração com os intérpretes Teresa Alves da Silva, César Fernandes, Hugo Marmelada, Kelly Nakamura e Filipa Peraltinha


P.S. - Este espectáculo tem selo de garantia do Professor O.

28.11.07

Até à última vírgula deste parágrafo posso afirmar que me tenho esforçado bastante por cumprir

As a writer, I need an enormous amount of time alone. Writing is 90 percent procrastination: reading magazines, eating cereal out of the box, watching infomercials. It's a matter of doing everything you can to avoid writing, until it is about four in the morning and you reach the point where you have to write.

Paul Rudnick

20.11.07

11.11.07

Análise séria e racional à exibição do Sporting (agora é que é)


Não jogámos um caralho!

Análise séria e racional à exibição do Sporting


O Paulo Bento tem cabelinho à foda-se.

E já agora, o significado de vou ouvir Antony & The Johnsons a noite toda?

Pois eu, ser infeliz, descobri hoje o significado de todas elas... E o pior é que quando começar a cantar, de lágrima no olho e goela aberta, hope there's someone who'll take care of me when I die, terei desde logo que aceitar que esse someone não será certamente um funcionário do Sporting.

E da expressão apetece-me cortar os pulsos?

Conhecem o verdadeiro significado da palavra HECATOMBE?

Sporting de Braga 3 - 0 Sporting

Ena pá, ena pá, ena pá, ena pá! Acho que larguei uma gotinha! (2)

Finalmente posso dizer que faço parte de qualquer coisa! É verdade, meus fiéis seguidores - mãe, pai, avó e irmãos, sim, todos vós! Depois de recusar inúmeros convites para coisas incrivelmente sérias e para as quais não estaria obviamente talhado, eis que me lançaram um repto que exige pouco esforço e dose zero de responsabilidade. O Daedalus, rapaz que aprendeu a ler com Júlio Verne, que leu mais livros nesta semana do que eu em toda a minha vida, e principal responsável pelas minhas consultas ao dicionário - já agora, para completar a descrição, que usa e abusa da finta curta e tem cabelo à João Vieira Pinto -, passou-me uma "bonita corrente" da blogosfera, que consiste em escolher o livro que tenho mais à mão, abri-lo na página 161 e transcrever a 5ª frase. Oh Professor O., mas porquê o livro mais à mão, na página 161 e a quinta frase?, perguntam-me em coro as 3 pessoas mais curiosas. Ora, meus caros amigos, porque sim!, que é que isso interessa? O que sei é que a partir de agora, quando mencionarem o Professor O. - esse ser mítico que aprendeu a ler com o record e que joga futebol ao som de Joanna Newsom -, para além de toda a graxa normalmente necessária para captarem a minha atenção, terão de acrescentar aquele que faz parte de um grupo de pessoas que participou numa bonita corrente da blogosfera, num tom que enfatize devidamente toda a óbvia importância que algo assim tem. É verdade, confesso, desde que fiquei em 2º lugar do concurso de Legos da loja Guiduxa, no Centro Comercial do Bonfim, em Setúbal, em 1987, e no 3º do Regional de Judo disputado no Pinhal Novo em 1994, entre 4 concorrentes - atentem ao rigor factual - que não me sentia assim. Mas adiante! Quis o destino que o livro mais à mão não fosse o Bloco de Notas, de Lazlo Boloni, como seria desejável, mas sim o Que farei quando tudo arde?, de Lobo Antunes, primeiro da estante e excelente exemplar para dar uma de intelectual. Mas depois pensei 'Pera lá, Lobo Antunes?... 'tou fodido!, e não me enganei. Abro o livro na página 161 e, como seria de esperar, não existe sequer uma quinta frase nessa página. Na verdade, a página 161 continua uma frase que começa na página 145, início do capítulo, e que acaba na página 164, fim do mesmo - mas isso já eu sabia! Ainda assim, dou-me ao trabalho de contar as frases, que consiste absurdamente em contar capítulos, e chego à triste conclusão que a quinta frase da página 161 vem na página 223. Ora, como não quero torturar ninguém com as mesmas coisas com que me torturo, vou poupar-vos à transcrição completa de 20 páginas de Lobo Antunes e escolher um trechozito ao calhas:

(...) comprei anjinhos de porcelana para que esvoaçassem na cómoda e a minha mulher

não vais acreditar mas comprou anjinhos de porcelana para que esvoaçassem na cómoda Pilar

a Pilar incrédula

seja quem for incrédulo

- que horror (...)

Estas palavras dir-me-ão certamente muito sobre o momento que estou a atravessar na minha vida, mas não sei bem porquê. De qualquer maneira, posso garantir-vos que agora me sinto um bocadinho mais feliz - mas isso talvez se deva ao que fumei antes de escrever este post. Passo esta bonita corrente ao Paulo Bento (que citará o livro de tácticas de João Alves), ao Pedro Barbosa (que citará Sócrates, o jogador), ao Moutinho (Foucault e Derrida), Miguel Veloso (Pirlo - A minha história), Fernando Santos (Paulo Coelho - Nas margens do rio piedra eu sentei e chorei), Soares Franco (João Ubaldo Ribeiro - A casa dos budas ditosos, ou Paula Bobone), Pinto da Costa (Mario Puzo), e Luís Filipe Vieira (Um livro!?!?).

4.11.07

Ahhhh, a TVI...mãe de (quase) todos os programas imbecis!

Nota de introdução (ou de rodacabeça): só foi possível escrever este post porque arranjei - heroicamente, para os meus padrões de exigência - o comando da televisão utilizando apenas cola e papel de aluminio.

Um dia, um qualquer criativo de televisão pensou assim enquanto coçava o rabo após acordar: que reality show é que se pode inventar que provoque ainda mais stress entre concorrentes do que o big brother (que tem pessoas normais), a quinta das celebridades (que tem pessoas pouco famosas a precisarem desesperadamente de mais atenção), não-sei-quem-o/a milionário/a (que tem vários cães ou cadelas a lutar pelo mesmo osso), ou a bela e o mestre (que tem umas meninas engraçadas e uns gajos que não vêem tal especimen desde 1900 e tal)? Ora, após a bela coçadela o criativo olhou para o lado e viu a mulher toda desgrenhada ainda a dormir, e foi aí que se deu o momento de epifania: Cantando e Dançando por um Casamento de Sonho (sim, é mesmo este o título)! Esqueçam a atitude cínica do criativo, ele é só um ser humano como o José Eduardo Moniz. O conceito, sim, é algo que deverá perdurar na memória! Conseguem imaginar algo mais bélico que uma disputa entre noivas histéricas alimentadas a contos de fadas na infância e noivos a garantirem desde logo que participarão na sequela Bebendo Álcool e Tomando Comprimidos por um Divórcio Rápido? Eu também não.

Comunicado Oficial

Procura-se, morto ou vivo, o autor deste blog. A última vez que foi visto tinha um corte de cabelo igual ao do Paulo Bento, barba de 15 dias com aspecto de 3, equipamento do Sporting vestido a rigor, e deambulava pelas ruas com olhar vago e perdido. Suspeita-se que tenha sido raptado pela Sporting Sad para violenta tortura psicológica, incluindo peladinhas nos treinos de 5 para 5 na equipa de Farnerud, Paredes, Gladstone e Tiago (a jogar a avançado). Se tiver alguma informação sobre o paradeiro desta possível vítima de atentado futebolístico, por favor contacte as autoridades competentes.

23.10.07

Estou fod***, a sério que estou.



Roma 2, Sporting 1. Porca miseria.


P.S. - E o Abel já ia para o Benfica, não?

22.10.07

Fico fod***, a sério que fico.

Se o Sporting não ganhar amanhã em roma, vou ter de tomar medidas drásticas e começar a dizer mal da equipa, coisa que vai contra os meus mais elementares princípios religiosos. E a religião aqui não serve de alusão ao Fátima, não esperem ouvir-me como a 153452ª pessoa a usar a expressão o milagre de... - isso seria ainda mais desinspirado do que o registo habitual deste pseudoblogue. O único milagre que aconteceu no sábado, tanto quanto sei, foi o Celsinho ter jogado a titular. Quem esperava do Ronaldinho do Icarajuandé (ou algo parecido) uma panóplia de elásticos, cabritos, rodas e outras habilidades de circo, teve de se contentar com 5 ou 6 passes mal amanhados ao alcance de um qualquer Fernando Aguiar. Quanto ao restante Sporting B, já deu para perceber que Had é, na verdade, o Chase de Dr House; que Gladstone tem parecenças com o Pepe (tipo cabelo rapado e assim), mas joga como o Hugo; que Farnerud, qual fenómeno sobrenatural, acabará por evaporar-se; que está na hora de Paredes se juntar a Danny Trejo em Hollywood; que Tiago é uma excelente opção para aquecer o banco; e que Purovic tem uma mão a mais do que deveria e dois pés a menos - mas é por essas e por outras que existe um Extreme Makeover no People & Arts.

Amanhã, em Roma, não vai dar para brincar mais ao futebol. É altura de deixar o recreio da Academia e entrar de vez na vida adulta. Não estou para me sentar no café a emborcar finos em catadupa para depois acabar a chorar agarrado à almofada. E muito menos para começar a dizer, tão cedo ainda, para o ano é que é. Isso é que não!

18.10.07

Consultório Musical (por esses balcãs fora)






Beirut - Gulag Orkestar

Consultório Musical (sobre orientação sexual)






Kaki King - Gay Sons of Lesbian Mothers

11.10.07

Alguém conhece um programazinho mais boa onda...


...do que o Miami Ink, no People & Arts?

Consultório Musical (sobre a história da música, em breves capítulos não ilustrados)

I. No princípio existia o nada. Depois surgiram os Radiohead, lá para 1993. Com o primeiro álbum, Pablo Honey, ninguém no seu perfeito juízo apostaria no futuro de um espécie de one-hit wonder algures entre a britpop e um grunge mal amanhado, que cantava dores de amor e angústias existenciais pouco mais do que adolescentes. No entanto, uma ou outra música perdida lá no meio (e no fim, também) poderiam apontar um futuro diferente, menos previsível, mais experimental e progressivo. O one-hit wonder foi, obviamente, Creep, mas a preferida aqui do Professor O. - alter-ego que fala de si na 3ª pessoa e que sabe destas coisas - é Blow Out.


II. Lá para 1995, e apenas à segunda tentativa - que toda a gente sabe que é a mais difícil na música -, ultrapassaram as previsões mais optimistas e apresentaram um álbum pouco menos do que fenomenal, de seu nome The Bends. Aqui, a britpop dava lugar à dreampop e o grunge transformava-se num rock inovador, mais arriscado. As letras abandonavam o estilo angústia existencial adolescente e passavam a angústia existencial adulta - e acima de tudo bem mais poética. Planet Telex, High & Dry, Fake Plastic Trees, Nice Dream, Just, Bullet Proof...I Wish I Was, Street Spirit, é sempre a aviar...


III. Em 1997, quando a angústia existencial ganhou alguma consciência política, e o som, já característico, se cruzou com uma electrónica imaginativa mas nunca excessiva, os Radiohead presentearam os anos 90 com OK Computer, álbum que ficaria para a posteridade como o maior marco musical da década no seu género, e sem qualquer exagero. Expressões como queremos que este álbum seja o nosso OK Computer, ou gostávamos de fazer algo como o OK Computer, tornaram-se recorrentes entre membros de outras bandas em entrevistas por este planeta fora. Se existe alma neste mundo que nunca ouviu Airbag, Paranoid Android, Subterranean Homesick Alien, Exit Music (For A Film), Let Down, Karma Police, Fitter Happier, Electioneering, Climbing Up The Walls, No Surprises, Lucky ou The Tourist - sim, o álbum todo dito assim de enfiada e sem recurso a cábula - então é tempo de fazer uma reavaliação à sua vida e pensar, sinceramente, se deveria continuar.


IV. De créditos já firmados, os Radiohead decidem contrariar a confortável lógica e editar em 2000 o álbum Kid A, no qual a electrónica, sem nunca deixar de ser minimalista, assume um papel principal. As letras são reduzidas ao mínimo essencial, em extensão e em sentido, e tudo o que se ouve por aqui leva-nos à contemplação de um universo futurista, angustiante, alucinado. É, porventura, o álbum mais díficil de Radiohead, especialmente para quem esperava ouvir um Ok Computer 2. No entanto, é também o mais conceptual e cinematográfico e, talvez por isso, o que melhor se ouve de olhos fechados e phones nos ouvidos, da primeira à última música. Se mesmo assim precisam de referências, ouçam Everything In Its Right Place, The National Anthem, a sequência Optimistic-In Limbo, Idioteque, Morning Bell e Motion Picture Soundtrack.


V. Logo de seguida, em 2001, a banda decide lançar Amnesiac, um álbum de canções gravadas ao mesmo tempo das de Kid A, mas que por uma ou outra razão - talvez por se afastarem daquele registo minimalista - ficaram fora desse álbum. Os Radiohead sempre se recusaram a catalogar este trabalho como um disco de lados B, e em certa parte compreende-se: se isto são os lado B de Radiohead, então os Radiohead B também fariam parte das nossas bandas preferidas. Momentos sublimes como Pyramid Song, Knives Out, ou Life In A Glasshouse seriam, provavelmente, as melhores músicas de muitas outras bandas já consagradas, mas quando a bitola está tão alta... No mesmo ano lançaram ainda o álbum ao vivo I Might Be Wrong, que basicamente serviu para que tristes pessoas como eu - que nunca os tinha visto ao vivo, a cores e a sons - pudessem ter um cheirinho da coisa (problema entretanto resolvido).


VI. Chegados a 2003, os Radiohead são uma banda que já nada tem a provar, e mesmo editando um excepcional Hail To The Thief, já não conseguem surpreender. E as razões são simples: o facto de o terem feito em cada álbum anterior afastou a possibilidade de uma nova surpresa, além de que já toda a gente esperava que o nível se mantivesse alt(íssim)o. Ainda assim, 2+2=5, Sit Down. Stand Up, Sail To The Moon, We Suck Young Blood, I Will, A Punchup At a Wedding, Scatterbrain e A Wolf At The Door são puro deleite para os ouvidos. A posição de Radiohead no panorama musical já não tem grande discussão, quer entre público minimamente informado, quer entre pares: são os maiores!


VII. O ano é 2007. Os Radiohead acabam de gravar novo álbum, In Rainbows, mas não têm editora. Não há crise, põe-se na net para download ao preço que se quiser (inclusivé zero), que é uma atitude bonita e não desilude ninguém - excepto as editoras que ficaram a chuchar no dedo. Apesar de já o ter sacado, só ouvi 3 músicas, pelo que ainda é cedo para fazer qualquer tipo de observação. Para os que já começam a ter opinião formada, façam o favor de partilhar de modo a encerrar este capítulo. A minha aposta vai para mais um álbum brilhante, mas futuramente subvalorizado pelas mesmas razões de Hail To The Thief - suponho que isso sejam apenas as agruras de todos os percursos de excelência, mas com isso podem bem as nossas vidas...

P.S. - Sim, gosto bastante de Radiohead e talvez este post esteja um bocadinho, mas só mesmo um bocadinho, exagerado.

9.10.07

Eu bem tento, mas não me deixam em paz...

Um leitor anónimo, devidamente (des)identificado e ao qual paguei duas bjecas, diz-me que a bola já voltou a rolar desde o último post e que portanto terei de escrever mais. Primeiro, deixem-me dizer-vos que se alguém me põe um comentário num post sobre futebol sem me chamar palerma ou qualquer coisa do género, então sinto que não estou a cumprir a minha missão. Sim, é verdade, eu tenho uma missão: eu sou principescamente pago pelo Carlos Freitas para converter toda a gente ao Sportinguismo e castigar os que não o fazem. Mas não seria preciso pagar, eu cumpriria de qualquer modo. Considerem-no um chamamento, se quiserem. Eu sou humilde o suficiente para me sentir como Jesus Cristo nestas coisas. Mas que poderei dizer eu sobre a actualidade do futebol indígena? Que o Porto lá vai ganhando miseravelmente e assim continuará? Que o Benfica parece uma coentrada de cebola, se tal conseguirem imaginar? E que o Sporting, apesar de jogar como um Ajax dos tempos do Cruijff, não ganha tantas vezes quanto deveria? Não, não vou por aí, até porque não seria verdade. O Porto, sei-o de fonte segura, está prestes a perder 8 jogos de seguida e o Benfica deixa um hálito pior. Quanto ao Sporting, tempos de glória virão, não sei se ainda na minha vida, mas continuarei sempre a acreditar. Em questões de fé, sei não damos hipótese: ganhamos sempre 10-0.

4.10.07

Se continuam assim ainda vão ter de aturar o Peseiro

Passada a fase de euforia, os encarnados começam a perceber que o regresso de Camacho à Luz não será o glorioso passeio que as previsões mais entusiastas poderiam indicar. E quem sou eu para julgar? Nestas coisas de previsões sou cada tiro, cada melro que acerto ao lado. De facto, sou de tal modo pouco perspicaz e intuitivo em relação a tudo e a todos - eu incluído -, que o facto de continuar a escrever enquanto desenvolvo este inútil raciocínio mergulha-me num profundo dilema existencial. Suponho que o benfiquista que acreditou piamente em Camacho se sinta na mesma situação: apetece continuar a acreditar no homem, isolando-o de todo o caos que tem sido o benfica, mas ao mesmo tempo começa a evidenciar-se que Camacho também não é Aquele treinador. Mas a ter culpa, em boa verdade, tem-na pouca. Quando o melhor jogador da equipa é alguém a quem um dia ousaram apelidar de Cebola, não há muito mais a fazer. A razão para tal apelido, reza a lenda, é o facto de fazer chorar os adversários com as suas fintas, o que me leva a supor que se o tivessem apelidado de Feijão Preto, seria por provocar brutais ataques de flatulência. Mas não é tudo! Lembrem-se que o Cebola era um jogador que estava na mesma situação de Bueno no PSG: primeiro sem jogar, depois sem o quererem, e por fim dispensado ao melhor estilo trata-lá-tu-de-arranjar-um-clube. Portanto, meus amigos benfiquistas, o caso é mesmo grave. Gravíssimo. Mas não pensem que fiquei feliz com a derrota do benfica, não sou desses. Por outro lado, também não faço parte dos ridiculamente patriotas. Sou mais do estilo interesseiro, puro e duro. Quero pontinhos para o ranking da Uefa e que o benfica se canse muito, nada mais. A única coisa que me deixa feliz por esta derrota é poder escrever um post e ver um qualquer imigrante ucraniano sobrequalificado, explorado até à exaustão por um qualquer patrão, enfrentar 6 milhões de portugueses - ou 20, como diria Adu - com um sorriso trocista nos lábios - e esta simpatia repentinamente revelada pela ucrânia e seus descendentes é só para mostrar que até tenho um coração. Quanto ao Porto, parabéns, do fundo do meu carácter interesseiro.

3.10.07

Bem vistas as coisas, isto foi quase como ganhar a própria Liga dos Campeões

O Sporting venceu o Dínamo de Kiev, fora, por 2-1. Sim, leram bem. Bem sei que é difícil de acreditar. O Sporting nos últimos tempos sofre tanto, mas tanto, tanto, para ganhar um pontinho que seja, que o facto de ter conseguido uma vitória histórica neste momento foi como se cada jogador tivesse feito três viagens de ida e volta a Fátima de joelhos, carregando aos ombros todo o peso de - por exemplo - um maldito 3-6 em Alvalade. Já têm uma ideia do sofrimento que foi? Ainda assim, lá conseguimos, com um golo de Polga - provavelmente, o melhor central do mundo e até de Portugal (sim, foi de propósito) - e outro de um tronco de madeira que apareceu na pequena área ucraniana. Se isto não roçou a improbabilidade...

P.S. - Polga, pela milésima vez, e Stojkovic, pela primeira, foram os melhores em campo.

27.9.07

Consultório Musical (para quem desespera por um álbum de originais desde 1997)




Portishead - Only You

Consultório Musical (porque uma Beth Gibbons em registo Velvet só pode fazer bem)




Beth Gibbons - Candy Says (original de Velvet Underground, pois claro)

Provavelmente, a melhor (bosta de) taça do mundo...

Dizem que ontem houve Taça da Liga...mas houve mesmo? Que dizer de uma competição em que no conjunto dos 8 jogos - ou seja, 720 minutos de jogo (?) mais 7200 (!) de penaltis - se fizeram menos remates do que no minuto de publicidade que a precede? O conceito é bom, diga-se: as equipas pequenas precisam de mais jogos oficiais para fazerem mais dinheiro - a ideia dos melhor classificados jogarem obrigatoriamente fora na fase de eliminatórias é excelente -, e as equipas grandes arranjam um espaço competitivo minimamente sério para rodarem as suas segundas linhas. O problema é que as suas segundas linhas são constituídas por Pereirinhas - o único patinho feio da academia -, Bynias e Linos, e como diria Mourinho, de lábio superior levantado de um só lado, ífe iú donte éve gúde égues, iú donte éve gúde ómelétes... Ainda assim, deu para ver o Porto ser eliminado por uma equipa abençoada pelos três pastorinhos, o Benfica a levar um empurrãozito do fiscal de linha como nos tempos do Estado Novo, e o Sporting ganhar qualquer coisa com um penálti marcado pelo Tiago.

23.9.07

Consultório Musical (Para um domingo qualquer)





Jeff Buckley - Hallelujah (original de Leonard Cohen)

20.9.07

(A muito custo...) Factos sobre o Sporting - Manchester:

- O Sporting não perdeu com Man Utd. O Sporting A perdeu com o Sporting B.

- Figo? Não. Cristiano Ronaldo.

- Nani? Não. Cristiano Ronaldo.

- Stojkovic é fixe.

- Polga prova a cada jogo que passa que Dunga vê futebol pelo olho que tem entre as nádegas.

- Ronny vai aprendendo a defender. Um dia poderá chegar a jogador de futebol.

- Veloso esteve bem, mas pode fazer melhor.

- Moutinho, idem.

- Abel é uma figura bíblica, não um jogador de futebol (e que raio lhe passou pela cabeça para tentar a roda do Zidane naquela situação?!).

- Tonel é bom rapazito.

- Romagnoli, idem.

- Izmailov, idem.

- Vukcevic tem de entrar de início.

- Purovic é jogador. Além disso, é ponta-de-lança. Mais além, até pode ser bom.

- Yannick, ACORDA!

- Pereirinha.

- No final da época um ou dois destes jogadores será despromovido ao Sporting B.

- Fiquei f*****.

Depois de ouvir a declaração de Gilberto Madaíl...

...cheira-me que está a ser cozinhada a entrada precoce de Mourinho na selecção. Além do timing ser perfeito, o adiar de uma tomada de posição em relação a Scolari, justificado com um quero que compreendam que sou Presidente e não dono da Federação, e que estas decisões são tomadas em conjunto, aumenta as minhas suspeições. Se a direcção da federação decidir despedir o ainda seleccionador, Madaíl poderá sempre esconder-se atrás dos seus menos mediáticos colegas - e entre ele e Scolari tudo bem à mesma. Mourinho encontrará um bom hobby para o ocupar até final desta temporada - e só mesmo até aí. E Portugal será campeão europeu, claro. Alguém quer apostar?


P.S. - Gosto muito de Scolari, não duvidem, mas Mourinho na selecção é sonho húmido no que ao futebol diz respeito.

P.S. 2 - Nem quero imaginar o que vai acontecer ao Chelsea nos próximos tempos...

P.S. 3 - Sporting - Manchester? Qual Sporting - Manchester?

14.9.07

Oh Scolari, pára! Por favor...

...mais uma entrevista assim - mesmo que encomendada - e esgoto todas as lágrimas de compaixão que tenho para chorar. Já te perdoei mil vezes!

P.S. - Sugiro petição: Dear Uefa, I forgave Mr. Scolari. What about you?

12.9.07

O Haka mete medo como o ca*****?

Esperem só até mostrarmos o Vira minhoto.

E você, alguma vez levou uma pêra de trinta mil contos?

Dar nozes a quem não tem dentes...

...é o que acontece quando a TVI compra o The Office, versão americana (que também é muito boa), e o põe a passar às 4 da manhã de um dia qualquer...

A 5 minutos do fim tinha o seguinte post já preparadinho...

Há gajos que têm azar

Olhem para o
Bruno, por exemplo. Foi preciso gastar todo o seu latim ao melhor estilo Luís Freitas Lobo em fervorosa campanha pró-Quaresma e anti-Simão, para ver este último resolver um jogo decisivo - e de bola parada. E pelo meio ainda sugeriu Ronaldo a ponta-de-lança para algumas horas mais tarde ter de ouvir o próprio dizer que não gostava de jogar nessa posição. Oh Bruno, para a próxima faz campanha a favor de Simão e Nuno Gomes, que de certeza que o Scolari, só para te contrariar, apostará em Quaresma a titular e Ronaldo a 9.

P.S. – Ainda assim, também gostaria de Quaresma de início.


...mas claro, tinha de correr mal. A provocação até podia ter a sua piadinha e dar-me direito a alguns minutos de gozação antes da futebolada de sexta-feira, mas como nestas coisas de previsões estou longe de ser um Oráculo de Bellini, lá vou ter de recorrer ao golpe baixo de sugerir que Portugal só se deixou empatar com Quaresma em campo.

9.9.07

Sunday Night Laziness



Há quem diga que isto é pecado mortal. Pecado mortal?! Pecado é não tê-la.


P.S. - Ainda assim, este postzito ridículo pode salvar-me de um qualquer raio fulminante.

7.9.07

Consultório Musical (Para quem se sente hesitantemente apaixonado)

Velvet Underground - I found a reason


I found a reason to keep living
Oh and the reason, dear, is you
I found a reason to keep singing
Oh and the reason, dear, is you

Oh I do believe
If you don't like things you leave
For some place you never gone before

Honey, I found a reason to keep living
And you know the reason, dear it's you
And I've walked down life's lonely highways
Hand in hand with myself
And I realized how many paths have crossed between us

Oh I do believe
You're all what you perceive
What comes is better that what came before

Oh I do believe
You're all what you perceive
What comes is better that what came before

And you'd better come, come come, come to me
Come come, come to me



Sim, é assim tão simples!


P.S. - Ouçam aqui (está um bocadinho mais para baixo)

6.9.07

O grande Jansher Khan (quem?)

Não se deixem enganar pela cómica bigodaça: não se trata de nenhuma incursão de Ali Daei por um novo desporto. Este senhor, reza a lenda, está para o Squash como - digo eu - Federer para o ténis, Maradona para a bola, Jordan para o basket, e Elsa Raposo para os saltos de cú para a pila. E até havia um Bjorn Borg, um Pelé, um Wilt Chamberlain ou um Cláudio Ramos para rivalizar, de seu nome Jahangir Khan. Apesar de partilharem o mesmo apelido e de alguma especulação, não consta que pertençam à mesma família, embora os Khan do lado Jansher ocupem vários lugares na hierarquia deste jogo. Apreciem com calma o posicionamento perfeito e a fantástica capacidade de resposta: são coisas de outro mundo.

Quanto à ideia de que o Squash é um desporto elitista jogado por yuppies no horário pós-laboral, lembrem-se que o futebol também já foi considerado um jogo de cavalheiros e vejam bem ao que chegou. Nem imaginam o quanto se pode deselitizar com um corpo propositadamente mal posicionado ou uma raquete de titânio na mão.

P.S. - Reparem, aos segundos tantos, no elogio rendido de Peter Nicol, tido como a última grande referência deste belo jogo.

P.S. 2 - Estou de tal forma encantado com esta descoberta - no que ao jogar diz respeito - que amanhã começa a época de futebol amador e só me apetece é pegar na raquete e desafiar alguém no health club mais próximo.

31.8.07

Foi um sorteio f*****...

Talvez tenhamos de nos contentar com o segundo lugar.

P.S. - Cristiano Ronaldo vai ser aplaudido de pé. Nani, sentado.

29.8.07

Consultório Musical (em pleno PREC)

Um pombo correio enviado desde 1975 entregou-me a seguinte mensagem:


nelo silva e cristiana disse...

Apá,a gente tb conhesssee o cromo da foto.vale menos q os cds q tão em cima dele.

ps:Ó dr.,arranje lá uma prescrição para quem gosta da brigada vítor jara,janita salomé,manuel freire,tocá rufar,gaiteiros de lisboa, e septeto habanero c/vitorino,sff.


Não se deixem enganar pelos nomes ou pela ortografia desleixada: estes não são o Nelo Silva e Cristiana que formam a mais incestuosa dupla da música ligeira portuguesa. O apá inicial é denunciador, pois trata-se de um traço característico da minha terra e toda a gente sabe que os originais são de Vilarinho de Samardã, essa bela localidade lá para os lados de Vila Real. Mas assim, sinceramente, a coisa até faz mais sentido. É que lá para as margens do Sado existe muita gente que se veste de vermelho-foice-e-martelo, e é aqui que reside o principal problema deste meu paciente. Meu caro amigo, lamento informá-lo, mas você não gosta verdadeiramente de ouvir música. A única razão que o leva a ouvir música é o facto de ter presenciado alguns concertos na Festa do Avante. O que você gosta mesmo de ouvir é o que o Comité Central tiver para lhe dizer, e depois abanar afirmativamente a cabeça como qualquer outro crente religioso. Não que eu desdenhe a qualidade musical das suas preferências, que até existe, mas a criteriosa selecção diz tudo. E faço questão de recordá-lo - prepare-se, sente-se no seu proletário banco de cozinha e respire fundo - que o 25 de Abril não foi o ano passado, mas sim há 33 anos atrás. É verdade, meu amigo, já passou, agora estamos noutra, para o melhor e para o pior. Caíram-lhe a foice e o martelo? Deixe lá que isso passa quando comprar um carro e se mudar para uma luxuosa vivenda. Entretanto, passemos à ajuda. Como você nunca aguentaria uma mudança tão drástica, vou tentar não fugir demasiado às suas preferências musicais. Para Brigada, Gaiteiros e Toca a Rufar, boa música de inspiração tradicional, aconselho Danças Ocultas, Galandum Galundaina e Dazkarieh, mas estes últimos talvez sejam muito avant garde (um termo novo) para si. O Janita também está bem e sempre é melhor que o pavoneante irmão. Quanto a este último, ligado ao Septeto Habanero é um insulto para a rica música cubana. Ti-qui-ti-qui-ti-qui-ti-qui?! Experimente mas é os Buena Vista Social Club, em grupo ou individualmente, na pele de Ruben Gonzalez, Omara Portuondo ou Ibrahim Ferrer. Quer ser um maluco? Oiça os Orishas! Não têm grande qualidade mas vai abanar a cabeça como nunca e entrar num novíssimo estilo musical, o hip-hop - neste caso o hip-hop-salsa-y-merengue. Quanto a Manuel Freire, temos de ter uma conversa séria. Você já ouviu mesmo um disco inteiro do senhor ou gosta do Pedra Filosofal? É que aquilo é de bocejar para a eternidade! Quer ouvir música portuguesa verdadeiramente boa, muito bem orquestrada, e de mensagem política vincada? Ouça Fausto Bordalo Dias ou José Mário Branco. E por falar neste último, que é feito do Zeca? Não o vi, e mal, entre as suas preferências. Está chateado com o homem ou quê?

Sei que não arrisquei demasiado nos conselhos, mas é propositado. Pessoas como o senhor ainda acreditam que o Manifesto do Partido Comunista e O Capital são os livros da moda, mas ainda vai a tempo de mudar. Primeiro veja um telejornal e perceba, com direito a imagens e tudo, que já existem mais do que duas classes sociais, aliás, que a própria definição de classe é coisa que já não se usa. Depois, faça uma revisão filosófica ao materialismo dialéctico, tente aplicá-lo à realidade, e chegue à conclusão de que hoje é tudo tão relativo que nunca se chega a conclusão nenhuma - por muito que as questões se debatam desencantadamente até ao infinito - e que pensar que qualquer teoria filosófica tem ligação ao que se passa cá em baixo é o mesmo que acreditar que o PCP é uma secreta agremiação de yuppies. De seguida, faça uma visita a Cuba ou à Coreia do Norte e perceba de uma vez por todas o que estava a ser cozinhado para aqui - e atenção que os embargos não servem de desculpa. Por fim, cague lá na propriedade comum, torne-se um agente imobiliário, e enriqueça até se enjoar. Quando chegar a esse ponto, terei o prazer de passar à segunda fase da terapia. Até lá, um abraço e felicidades para o futuro-ex-camarada.

P.S. - Quanto ao cromo da foto, deve conhecê-lo das fumarentas reuniões da JCP na 5 de Outubro, mas repare como até ele se converteu ao pólo amarelo...

27.8.07

Parece que ontem houve um jogo de futebol

Pois parece. E parece também que as hienas ganharam um a zero (ou 1-0, que custa menos assim). Poderia dizer que fiquei chateado, mas não fiquei. Pelo menos, não tanto quanto deveria. As minis têm destas coisas, ajudam a anestesiar as mágoas e transformam as derrotas em vitórias. Terei sempre o consolo de saber que perdemos por causa de um erro do árbitro e de no final do jogo ter percebido que Paulo Bento consegue ser ainda melhor do que é, e certamente muito melhor do que eu, por não justificar a derrota com isso. Encostar o Porto às cordas, no Dragão, desde o golo até ao final do jogo, e ver os adeptos das hienas a festejarem como se tivessem ganho já o seu campeonato, disse-me tudo o que precisava de saber. Ontem perdemos, mas adormeci tranquilo. Este campeonato só pode ser nosso, dê por onde der.

26.8.07

Consultório Musical (Pós-puberdade e Entrada na Vida Adulta)

Recebi há pouco o seguinte grito de desespero:

FM disse...

Caro professor, ao ver a foto que ilustra a abertura do seu consultório musical perpassou-me uma sensação de deja vu, como se conhecesse esse sujeito de pólo amarelo e tivesse presenciado à escolha metódica dos álbuns que compõem a fotografia. Mas deve ser só mesmo uma sensação de dejá vú, até porque deve ter recorrido aos serviços de um modelo profissional e essa gente não anda assim pela rua juntamente com o proletariado, nem faz parte das minhas relações.Ora bem, mas o meu problema é o seguinte. Tendo passado a maior parte das minhas férias na Figueira da Foz, ao fim de muitas noites um gajo dá consigo num bar de karaoke arrastado por um belga que queria interpretar o tema “I will survive”. Foi uma noite de fortes emoções e que me trouxe muitas memórias. Antes de mais, de salientar que no ano anterior tinha ido a esse mesmo bar (cumpro um ritual que me obriga a ir uma vez por ano a um bar de karaoke, tal como certas senhoras, como a minha mãe, vão a Fátima) juntamente com um jovem arquitecto da nossa praça, uma moça que ele pretendia enfeitiçar e um jovem meu amigo (por acaso parecido com o da fotografia do seu consultório). Ocorreram alguns desacatos com o MC de serviço, responsável pelo equipamento de karaoke, de seu nome Tó Capela (o manager, não o equipamento de karaoke. Acho que ele ainda não é assim um Thycoon do karaoke a modos de já ter uma linha de quipamento com o seu nome). Pronto, tudo isto para referir que foi com medo que regressei ao tal bar de karaoke. Uma vez lá dentro, fiz por me embebedar ainda mais, a fim de suportar aquele ambiente. Fiquei satisfeito ao encontrar uma cara conhecida naquele espaço: o porteiro da sala do Casino. Não que eu seja frequentador de jogos de sorte e azar, mas as casas-de-banho do casino são as melhores de toda a Figueira da Foz. A maior das surpresas foi quando este mesmo sujeito se dirigiu ao palco, pegou no microfone e de uma forma muito profissional, com posse e tudo, interpretou “Incomplete” dos Backstreet Boys. Não sei se motivado por uma história ao tipo de “from rags to richies” (em versão portuguesa, porteiro do Casino é convidado a subir ao palco aquando de uma actuação de Carlos do Carmo no Casino da Figueira e é o início de uma grande carreira), aquela interpretação tocou-me.Sempre tive para mim que álbuns como “Blood on the tracks”, de Bob Dylan, “After the Goldrush”, the Neil Young ou “Bryter Later”, de Nick Drake são verdadeiros hinos ao amor, inspirado no grunger Eddie Vedder até cheguei a escrever num sms para uma miúda que me trazia loucamente apaixonado “I know someday you´ll have a beautiful life, I know you´ll be a star in somebody else´s sky but why can´t it be in mine?”. Acontece que nesta noite de karaoke, deu-se em mim um “alarme de vísceras”, como escreveu Vergílio Ferreira, e não pude deixar de espreitar pelo rabo do olho a letra da música “Incomplete” que ia passando no televisor, com um tipo vestido de fato de linho branco em fundo, molhando os pés à beira-mar e passando a mão pelo cabelo.Frases como “I pray for this heart to be unbroken but without you all I'm going to be is, incomplete” fizeram em mim sentido e perguntei-me se não terei sido um snob durante a minha adolescência e que talvez fosse isto que todas as miúdas que me deram tampas quisessem ouvir da minha boca antes de as calar com um beijo.É que, sinceramente, letras como “Maybe I'm too young to keep good love from going wrongbut tonight, you're on my mind so you never know” de Jeff Buckley são lindas, mas dão de nós um ar demasiado sensível, tipo gajo que tem frieiras no Inverno e fica com gretas nas mãos se não passar cremezinho e calçar luvas e homem que é homem não teme gretas sejam elas onde forem! Estes gajos dos Backstreet Boys vão viver que nem porcos durante anos e anos, com dinheiro, miúdas e vidinha boa, enquanto gajos como o Jeff Buckley morrem cedo e afogados, está bem que ao som de “Whole lotta love” mas cá para mim o gajo nem conseguiu esbracejar durante 5:34 minutos, o suficiente para pelo menos conseguir ouvir a música até ao final. Ah é verdade! Este verso então derrubou-me “You still wonder if we made a big mistake”. Até apontei a frase no telemóvel antevendo uma possibilidade de a vir utilizar no futuro caso alguma miúda me dê com os pés. Passado 10 anos envio-lhe esta frase por sms, questionando-a a cerca do rumo que a sua vida tomou e se não teria sido tudo muito melhor caso tivesse ficado comigo. Entretanto, já fui procurar o vídeo ao YouTube. É de facto azeiteiro, mas imaginemos se Alan Ball o tivesse utilizado na última cena do último episódio de Sete Palmos de Terra, em vez de Breathe Me de Sia. É tudo um tanto ao quanto relativo.Estarei a necessitar de um internamento compulsivo e de administração ininterrupta de doses de Velvet Underground, The Doors, Led Zeppelin, Dylan, Neil Young, Stones, Lou Reed, Jeff Buckley e demais antibióticos poderosos?
Ah, esqueci-me de referir que numa outra situação, ouvi esta mesma música "Incomplete" num bar de striptease. Achei por bem referir este dado porque abona em favor da versatilidade deste tema dos Backstreet Boys.Senhor doutor, aguardo o seu urgente diagnóstico!


Caro FM, para perceber como estou comprometido com esta causa, devo dizer que acabei de interromper o visionamento de Pára ou a Mamã Dispara para ajudá-lo. A sua carta é longa e intricada, mas o seu problema, apesar de vir de longe, tem solução. Assim de repente, e mesmo não o conhecendo de lado nenhum excepto das produções fotográficas, direi que se trata de um estudante de dentária cuja frase que mais ouviu na sua vida desde a puberdade foi deixa lá, também acontece aos outros. Meu amigo, antes de mais, não se deixe atrair, em momento algum, por paroladas como as dos Rapazes da Rua de Trás. Aliás, se fixar bem este nome, assim mesmo em português, acredito que facilmente abandonará esse devaneio. É verdade que em tempos de secundário elas preferem ouvir coisas dessas, mas quando se chega à universidade apostar na sensibilidade dá frutos. O seu problema não está tanto nas coisas que ouve, mas sim no momento em que as decide ouvir. Por agora, deixe para lá os Neil Youngs, os Buckleys e até os VU, e só Deus e Lou Reed sabem como me custa dizer isto. Quer dizer, abra uma excepção e oiça 3 vezes ao dia o I Found a Reason dos Velvet que esta ajuda sempre. Mas o que você está realmente a precisar é de ouvir o Vespertine de Bjork, para lhe levantar a pila de uma vez por todas e assim abrir de novo o caminho para a felicidade. Não se deixe enganar, neste disco de Bjork não vai ouvir os seus habituais gritos de desespero de quem sofre por amor, mas sim alguém que se quer meter entre os seus lençóis e gemer com sofreguidão junto aos seus ouvidos, e tudo porque o ama mais do que à vida. Depois de 4 ou 5 audições, com redobrada atenção, sairá à rua com a confiança de um George Clooney e engatará para a vida qualquer mulher que lhe chame a atenção. Depois, ponha-a a ouvir o mesmo disco no seu quarto e perceba que, ao contrário do que é dito, qualquer mulher pode ter orgasmos múltiplos, mesmo que você esteja lá com ela. No fundo, no fundo, do está a precisar urgentemente não é tanto de mudar de banda sonora, mas sim de encarar o amor com vontade de o sentir, em vez de medo de o desiludir. Lembre-se, e este é um conselho grátis do Doutor, que um momento apropriado para ouvir determinado disco, mais do que o disco em si, é determinante para o seu bem-estar e felicidade. Saberá que tudo isto deu resultado quando, daqui a uns anos, der por si a ouvir o Incomplete no rádio do carro com a pessoa que ama a seu lado, e a sorrir apaixonadamente apesar da música merdosa. Cantarolará até, sem qualquer sentimento de culpa, alguns daqueles versos hediondos, mas as suas palavras significarão nada porque será a sua expressão a dizer tudo. Acabou de levantar os cantos dos lábios e enrugar ligeiramente os olhos? Alguns dentes à mostra? Então já está a resultar! Um grande bem-haja para si, meu caro amigo, e que tudo lhe corra bem! Estarei cá se precisar. Agora vá lá tratar disso e deixe-se de lamúrias.

Um abraço deste seu guia espiritual.

Consultório Musical (Sessão Dupla)

Ainda as paredes deste consultório cheiram a tinta fresca e já duas pessoas batem à porta pedindo ajuda. Uma delas é John, de quem nada sei excepto que gosta de Scissor Sisters, Air, Pearl Jam e Opeth - um espectro curto mas variado de gostos musicais - e que reconheceu alguns dos discos na fotografia, o que me dá esperança para o seu futuro. No entanto, o facto de reconhecer tais exemplares e os ter em boa conta fez-me duvidar se os grupos que mencionou como referência são realmente os que me queria indicar ou se se trata apenas de um teste à minha competência. Ainda assim, o desafio está longe de me assustar e o que quero mesmo é ajudá-lo a seguir a sua vida com uma melhor banda sonora. Comecemos, então: Scissor Sisters é engraçado, é verdade, mas pergunto se existirá algo por trás dessa preferência. Se gosta deles porque está a meio caminho de sair do armário - e digo isto sem qualquer tipo de preconceito -, então parta logo para os Pet Shop Boys ou os Village People para resolver o assunto, embora corra o risco de perder alguns amigos e não propriamente por causa do armário. Se não for este o caso, recomendo uma vista de olhos (ou uma audição de ouvidos, se preferir) à fase mais dançável de David Bowie, por exemplo, ou ao glamour dos Roxy Music. Bem sei que se trata de andar para trás no tempo, mas os Scissor fazem o mesmo. Quanto a Air, coisa que aprecio bastante, recomendo o novo da Charlotte Gainsbourg, no qual participam, o Kid A de Radiohead, ou o disco a solo de Thom Yorke. Pearl Jam é um problema porque, por muito bom que tenha sido, o grunge morreu. Lamento informá-lo, mas é verdade - Creed e outros do género não contam, são maus demais. Calma, não desespere, existe muito para trás que pode ser ouvido: Smashing, Nirvana, Soundgarden, já os deve conhecer a todos, mas porque não uma viagem até Neil Young, em busca das origens? Tool também é da onda do metal progressivo e conceptual, - e bastante bom, por sinal - pelo que imagino que agradaria a um fã de Opeth. Felicidades para si, John, e que a boa música esteja consigo.

Agora é a vez de Rubem (assim mesmo), jovem que precisa urgentemente de ajuda e que me disse gostar de Korn, Marilyn Manson, Disturbed, Rammstein, Nirvana, Gotan Project e Stuart Staples. Meu caro Rubem, detecto aí uma óbvia tendência para sons negros e pesadões, o que à primeira vista me diz que está a precisar, acima de tudo, de apanhar mais sol. Depois de se bronzear um pouco e abrir mais o sorriso, pode então voltar para as suas preferências musicais, desde que lhes acrescente mais qualidade: Nine Inch Nails dos primeiros tempos e novamente Tool são as minhas recomendações. Se quiser dar mais originalidade à coisa, experimente Dresden Dolls e deixe-se levar pela onda de decadência com mais humor e ironia. Para Nirvana, não há grande segredo: Meat Puppets. Para Gotan Project, os Narcotango de Carlos Libedinsky. Quanto a Stuart Staples, parto do princípio de que já conhece os Tindersticks, pelo que o remeto para os Lambchop ou Antony & The Johnsons, por exemplo, e fique descansado que também aqui o choro é garantido. Morphine também pode ser uma boa escolha, se quiser embarcar na decadência ao melhor estilo Kerouac. Caro Rubem, espero que estes conselhos musicais lhe possam ser úteis, mas não se esqueça que também lhe faria bem sair da cave onde está fechado e aproveitar a luz diurna. Felicidades para si também e faça um esforço sincero para tornar os seus gostos mais ecléticos.

Voltem sempre!

P.S. - Este estabelecimento tem livro de reclamações.

24.8.07

Consultório Musical (Inauguração)



Tenho um dom. Assim mesmo, sem falsas modéstias. Por baixo desta capa de profunda inutilidade e ócio compulsivo, existe um poder incrível à espera de ser partilhado. É verdade, espantem-se. Quer dizer, não é, mas façam de conta que sim. Descobri-o apenas há 3 anos, graças à exigente e extenuante profissão que então escolhi (espaço para gargalhadas), o que quer dizer que, infelizmente, já deixei a humanidade às escuras por tempo demasiado. O próprio Superhomem demorou uns anitos para descobrir, mas acabou por salvar o mundo inúmeras vezes, por isso ainda há esperança para todos. O meu dom é muito simples, mas altamente eficaz: se alguém me perguntar Professor O. (ou qualquer outra abordagem lambebotista que puxe pelo meu mais sincero paternalismo), gosto de ouvir isto e aquilo, o que é que me aconselha?, sou capaz de, com precisão musicalmente milimétrica, apontar imediatamente duas ou três coisas que vos deixarão de boca aberta - e não obrigatoriamente para me insultarem -, recorrendo ao meu conhecimento mais ou menos enciclopédico e gosto altamente refinado. Claro que, como qualquer superherói, também tenho a minha criptonite: clássica e martelinhos. Para isso, recorram ao maestro Vitorino de Almeida e ao Sr. Guilhermino dos carrinhos de choque da Feira de Santiago. Para tudo o resto, declaro aberto o Consultório Musical. Garanto total satisfação e uma sensação de vida mais preenchida. Sim, tal e qual um produto da TV Shop. Experimentem, Mikes*, é grátis até morrer. Basta deixarem um comentário em qualquer post, e logo que possível responderei.

* Herman Enciclopédia, Mike e Melga. Não? Não estão a ver? Mas onde é que vocês andaram nos anos 90?

P.S. 1 – Reservo a mim mesmo o direito de insultar livremente quem atentar ao meu bom gosto musical.

P.S. 2 – Se não aderirem vou ter de recorrer à triste estratégia de inventar pedidos de aconselhamento sob nomes falsos.

P.S. 3 - Agradeço ao modelo que se deixou fotografar para este post, mesmo que isso não abone muito a seu favor. Agradeço também ao assistente de produção, responsável por ajudar na escolha dos discos, por assegurar todo um tratamento de luxo ao modelo contratado, e por mudar os rolos de papel higiénico da casa-de-banho quando necessário.

23.8.07

Quaresma no Chelsea (acreditem, é de fonte segura)

Já tinha dado o aviso. Quem vê jogar o Chelsea e percebe qualquer coisa, mesmo que muito poucochinha, de futebol, repara logo que o faz falta aos blues é um jogador verdadeiramente criativo, alguém que destoe do jogo físico e mecanizado da equipa e que consiga surpreender quando for preciso. Ora, o único génio no mercado, neste momento, que preenche os requisitos, é Quaresma. Pinto da Costa afirma convictamente que não o vende, o que traduzido em futebolês de sotaque tuga, significa que - assim me dizem a experiência e o FM - 40 milhões concretizarão o negócio. Dirão alguns que o Chelsea não quis gastar mais de 25 milhões por Daniel Alves (por exemplo), o que até é verdade. Mas hoje, neste mesmo dia, o Chelsea desistiu de Daniel Alves e contratou Belletti por 5,5 milhões, sobrando 19,5. Somem a isso os 36 que conseguiram por Robben, e pensem lá no que poderão fazer com tanto dinheiro.

P.S. - Acham que estou a empurrar o Quaresma para fora do Porto antes do clássico? Enganam-se. Quaresma baixa a bolinha quando o adversário ruge em vez de piar. Medo, inibição, saudade, dívida de gratidão, chamem-lhe o que quiserem. É daquelas coisas. Simão sofria do mesmo mal, só lhe passou lá para os 26.

21.8.07

Primeiro foi o Squash...

...depois o Jorkyball. Foram mais experiências novas do que um gajo rotinado a 365 dias por ano pode aguentar, e tudo em dois dias seguidos. Não estivesse o meu corpo a ranger por todo o lado e até diria que voltarei a repetir.

20.8.07

Fernando Santos

Ao escrever o último post, confesso que estava longe de imaginar o actual(íssimo) cenário. Que Fernando Santos estava em posição delicada era visível para todos, mas imputarem-lhe todas as responsabilidades foi demasiado cruel, mesmo para um benfiquista de gema. Fernando Santos teve a pré-temporada mais difícil da sua carreira, mas não fugiu perante as adversidades - nunca o faria, o homem aceita tudo com fé inabalável como católico devoto que é -, e bem que Vieira o pôs à prova. E é aqui que está o cerne da coisa: Fernando Santos não foi demitido, como seria no final desta época, pela sua incompetência, mas sim pela incompetência do seu presidente, que asneirou na (des)construção do plantel. Agora que Vieira começava a perceber que se o barco fosse ao fundo, também ele iria, toca a ir buscar Camacho para iludir adeptos e assim sacudir responsabilidades. Os benfiquistas engolem tudo porque nunca gostaram de Santos, mas não acreditem em milagres - até para isso deveriam confiar mais no devoto. Que o futebol não é espaço de grande ética toda a gente sabe, mas o que Vieira fez foi pura cobardia e uma grande filha-da-putice. Até palmadinha nas costas deve ter havido.

P.S. - Nuno Gomes resumiu tudo, e bem, nas suas declarações pós-Leixões.

18.8.07

Isto é mais enganador que o crédito da Cofidis

Fernando Santos, no lançamento do seu primeiro jogo no campeonato, tentou moralizar as suas tropas dizendo que vinham de duas vitórias consecutivas e portanto iriam agora tentar a terceira. STOP. Calma lá... Duas vitórias?! Mas não fizeram só um jogo oficial (e bem merdoso, diga-se de passagem)? Pois fizeram, mas FS estava a referir-se ao Torneio do Guadiana, esse troféu que fica arrumado - pelo menos no museu do Sporting - atrás da medalha do campeonato regional de coleccionadores de selos. É preciso que o crédito esteja muito em baixo por aquelas bandas para ter de fazer isto. E claro, os juros serão altíssimos. Imaginem só o Jesualdo lançar a Supertaça dizendo que o Porto já ia em 10 (para aí) vitórias consecutivas? Era ainda pior que largar aquela alarvidade de escovar os dentes - que agora tendem tragicamente para o amarelo. Por falar nisso, queria só lembrar que o Paulo Bento, que ainda agora começou, já escova os dentes à proporção de três para um em relação a Jesualdo e de três para dois em relação a Fernando Santos. STOP. Três?, perguntarão os outros. É verdade. Pelo menos o campeonato de juniores é oficial.

Imaginem as hienas de azul e branco





Já imaginaram? Agora esperem mais ou menos uma semana.



14.8.07

E não é que o gajo não estava mesmo em fora de jogo?





Este é que é o tal golo de Stoichkov no Euro 96 que foi anulado por um maldito fiscal de linha - pergunto-me até se alguém teve o bom senso de o erradicar a bem do futebol. Em tempos de Baggios, Romários, Hagis e outros assim, era este o meu jogador preferido. Foi até responsável pela minha exigência à la vedeta em utilizar a camisola 8 em incontáveis torneios amadores, mesmo que mil e uma vezes me perguntassem se tal se devia ao João Vieira Pinto, insultando-me duplamente pela ignorância futebolística e pela preferência de clube sugerida. E não, nunca me serviu de grande inspiração: as manias à la vedeta nem sempre - para não dizer quase nunca - correspondem a um mesmo tipo de capacidade. Mas com Stoichkov isso acontecia.



P.S. - O vídeo encrava, mas se derem um empurrãozinho ele vai lá.

11.8.07

Parece que alguém se esqueceu de escovar os dentes hoje...

Sporting -1, Outros - 0

Habituem-se, esta época vai ser assim.

10.8.07

Se acham que o post anterior foi uma tentativa de desestabilizar o Porto antes deste jogo...

...têm toda a razão. Este blog acabou de assumir-se como um misto de Pôncio Monteiro e António Tavares-Teles do Sporting.

P.S. - Agora só é preciso que a mensagem chegue até lá. Como não tenho tags, aqui vai:

Quaresma, Porto, FCP, Pinto da Costa, Reinaldo Teles, Jesualdo Ferreira, Carolina Salgado, Calor da Noite, Café com Leite, Café sem Leite, Café sem Café, Cimbalino, Guarda Abel, Super Dragões, Fernando sou-ainda-mais-burgesso-que-o-guarda-Abel Madureira, Caso Paula, Apito Dourado, Casa do Futebol Clube do Porto do Luxemburgo, O Jogo, Gazeta dos Desportos, Emplastro, Caneladas, Sarrafada, Clássicos Roubos de Igreja, Zadinga, Morte ao Ricardo, Morte ao Scolari, Fuga para Vigo, Luis Filipe Vieira, Mandla Zwane, Etienne N'Tsunda.

Pau de dois bicos, faca de dois gumes, ou faca de dois legumes (como diria um certo treinador de futebol)

Se o Real não conseguir contratar Robben, levará Quaresma. Se conseguir, quem é que acham que o Chelsea se lembrará de ir buscar?

Ah pois é...


P.S. - Os meus amigos portistas não percam o sono. Se tal acontecer, já está assegurado o substituto: Vladimir Shostokovissilichiilievovic-Odunkor, extremo direito altamente promissor de nacionalidade meio sérvia, meio letã e meio nigeriana. Sim, são três metades.

Passado, presente e futuro em cronologia Leonina (ou o que queremos esquecer vs o que iremos recordar)

Via Mário Gamito, dois memoráveis momentos da história Sportinguista:

O passado -
Sousa Cintra e o vidro do carro partido (a Quercus não se lembrou de lhe pôr um processo em cima?)

O presente, a caminho do futuro -
a melhor campanha publicitária de sempre (já começamos a época a ganhar qualquer coisinha)

8.8.07

Nova época, velhos hábitos

Bruno Paixão no jogo da Supertaça?

Preferia que desenterrassem o Martins dos Santos, que o jogo fosse transferido para o Dragão e que o guarda Abel estivesse de serviço no túnel de acesso ao relvado.

7.8.07

Ai Couceiro, Couceiro...

Não há volta a dar. Por mais que o queira esquecer, o homem insiste em tricotar-me os nervos: agora decidiu barafustar porque soube da sua dispensa por SMS. Para alguém que foi despedido demasiado tarde, acho que ainda tem o papo demasiado cheio. Apercebo-me agora que o que me irrita verdadeiramente em Couceiro é que me faz lembrar José Peseiro - um trauma com o qual ainda tenho dificuldade em lidar -, mas não vou demorar-me sobre o toureiro, esse merece um post só dele e vou esperar pela merda que fizer no Panathinaikos para o atacar cobardemente. O que me deixa doido num e noutro é o facto de não conseguirem perceber quando estão a mais, e ainda acharem que todos os outros é que estão. Fazem-me lembrar dois navegadores que, incapazes de traçar um rumo, afundam o barco, afundam-se a si mesmo, mas insistem em manter o indicador fora de água como que a dizer: é por aqui, tenho a certeza. Não é nada de pessoal, entendam-me. É só um desabafo de quem gosta demasiado de futebol para ter de levar com isto. Porque é que não se limitam a dizer ok, isto não correu bem e não partem logo para outra?

30.7.07

Hoje é dia de partir. Destino: Paraíso


Ainda há lugares assim, onde a internet é apenas recordação de outra vida. Este blog regressará dentro de 6 dias. Mais leve, mais bronzeado, e com as costas mais doridas. Até já!

27.7.07

A notícia que ninguém, mas mesmo ninguém, esperava:

Couceiro demitido (por unanimidade).

Ficou realmente surpreendido? Então suponho que seja o próprio. Nesse caso, siga este link.

Sobre a fé (em registo pouco sério)

O ateu



uma freira que já acreditou mais



e um filho de Satã apaixonado



numa discussão em formato Youtube.

P.S. - Ignorem a qualidade musical (ou a falta dela).

P.S. 2 - Músicas: Covers de Let Down de Radiohead e Oh, l'amour de Erasure

Mais um ou dois jogos amigáveis assim...

...e Quaresma sai do Porto. E o Veloso que não se lembre de começar já a brilhar. Só lá mais para Setembro, quando as hordas de garimpeiros tiverem abandonado a margem sul do Tejo.

26.7.07

Parece que Beto, essa ex-glória leonina, vai voltar a Alvalade

(Calma, calma, guardem lá os archotes e não se assustem: é para jogar com a camisola do Recreativo de Huelva)

Tenho com Beto, e já agora com Sá Pinto, uma relação que gostaria de chamar amor-ódio, mas que na verdade está bem longe disso. Amor-ódio aplica-se a Figo, por exemplo, e vivo bem assim. Pelo menos é qualquer coisa significante. Mas em relação aqueles dois não há qualquer espaço, por mais ínfimo que seja, para o amor (salvo seja) ou para o ódio. Repulsa talvez se aplique melhor. Não quero que estejam perto, mas se estiverem longe são-me perfeitamente indiferentes. Beto foi aquele outrora promissor jogador que se deixou acomodar a partir do momento que se tornou figura do clube. Beijar o emblema, acenar para as claques, ser o primeiro a rosnar aos árbitros e ficar muito, muito chateado quando se perde, tudo isso faz parte. Mas nunca se pode desistir de tentar evoluir o seu jogo ou de querer ganhar títulos. Acabou por sair sem que ninguém chorasse por ele. Sá Pinto, por seu lado, foi um homem raivoso e mal amordaçado que cometeu a proeza de acabar a carreira em Alvalade com duas estúpidas expulsões. Triste, deplorável até, fim. Nunca percebeu que ter garra não é o mesmo que simular uma trip de anfetaminas. Ficará muito bem a liderar a Juve Leo e Beto até pode ser o gajo responsável pelas bandeirinhas. Mas não consigo imaginar que estes dois se possam tornar símbolos para a posteridade de um clube que teve os Cinco Violinos. O Livramento. O Agostinho. O Carlos Lopes e muitos mais. Que terá Paulo Bento, Moutinho e Miguel Veloso*. Que teve e tem tantos símbolos que superariam com facilidade os de todos os outros clubes portugueses somados. E que teve também inúmeras pessoas como o meu avô que, apesar de muito pobre, não deixou de comprar um saco de cimento para ajudar à construção do velhinho Alvalade - sim, este é o momento de apelar à lágrima. O Sporting, a última coisa de que precisa, é de registar Beto e Sá Pinto no seu livro de extraordinárias memórias.

Ao Beto, quando lhe perguntaram se apertaria a mão a Paulo Bento neste regresso:

Eu aperto a mão a toda a gente. Têm de fazer essa pergunta é a ele: será que ele me vai apertar a mão?


Eu, se fosse Paulo Bento, não só lhe apertaria a mão como lhe desejaria as maiores e mais sinceras felicidades para qualquer experiência longe de Alvalade. Melhor ainda, que fosse para o Benfica.

* Para o ano acrescento o Adrien Silva.

Estou a 30 quilómetros do Seixal...

...e posso jurar que consigo ouvir Fernando Santos a chorar.

A Marca, sobre Simão: De la inagotable cantera del Sporting de Lisboa salió uno de los jugadores más exquisitos que ha dado el fútbol luso en los últimos tiempos.

Fixem bem a primeira parte da frase.

25.7.07

Consultório Musical (música para fazer muitos bebés)


Bjork - Vespertine
Há quem prefira as dores do Homogenic, o movimento de Debut, ou o experimentalismo de Medulla, e há também quem prefira os outros. Eu gosto muito de quase todos, mas este deixa-me fora de mim e vou guardá-lo até sofrer de disfunção eréctil.

Consultório Musical (para um coração despedaçado)



Bjork - So Broken (Live at Jools Holland)

Dela, dizem que se ama ou se odeia, a mim deixa-me os pêlos eriçados. Li há algum tempo, no Y do Público, que Bjork tem mais sensualidade na ponta do nariz do que muitas mulheres no seu todo (ou algo parecido). Julgo que a frase peca apenas por não ser suficientemente elogiosa. Há algo naquele jeitinho dela, naquela aparente fragilidade... She's a naughty girl, disse em tempos Thom Yorke, e olhem que ele sabia do que estava a falar.

24.7.07

Lá na Academia temos melhor



Rhain Davis, puto de 9 (sim, nove) anos que o Man Utd acabou de contratar, quase tão bom como Adrien Silva naquela idade.

Agora que este blog entrou em férias...

...e o tempo dedicado à lanzeira excede largamente as 24 horas de um dia, tenho tido oportunidade de ajustar contas com a leitura cor de rosa. Pessoas intelectualmente mais susceptíveis olharão para uma revista destas e sentirão algo como um Prado Coelho a ler um livro traduzido. O asco transformar-se-á em fobia e provavelmente nunca lhe chegarão a tocar, mas a verdade é que não sabem o que perdem. O mundo do jet-set (ahah) português é uma fonte de incrível criatividade. Vejam só que às vezes até se lembram de fazer uma festa do Branco, e vão todos vestidos de branco - excepto um wannabe que aparece de amarelo -, depois decidem fazer uma festa do Cor de rosa, e vão todos vestidos de cor de rosa - excepto o Carlos Xavier -, e depois decidem fazer uma festa da parvoíce, e são todos parvos - mas essa é uma constante. Além disso, a possibilidade de dizer as maiores alarvidades é infidável - coisa que muito invejo. Só numa revista assim se pode ler algo como eu e o Pachichi de Vasconcellos somos muito chegados a uma semana do divórcio, ou eu nunca fiz bicos ao barão Von Bromsky com os lábios ainda molhados - sim, isto era para baixar o nível. Aquilo é uma espécie de telenovela - talvez mais pornochachada, expressão muito em voga há anos atrás - mas ligeiramente mais afastada da realidade. Por vezes até se conseguem atingir níveis de profundidade de pensamento semelhantes aos momentos finais de cada episódio da Páginas da Vida* do tipo acho que esta separação mudou a minha vida, mas no dia seguinte lá estará esse alguém aos beijos com um novo alguém, que no fundo não são ninguém porque ali ninguém é ninguém - apenas fingem que sim e alguém acredita. Depois existe sempre uma página da mais reles cusquice, escrita anonimamente por Carlos Castro, Claúdio Ramos, ou Maya - as costureiras de serviço - onde os membros da comunidade têm oportunidade de mandar bocas entre si aparentemente subtis, mas apenas venenosas e pouco inteligentes. Testemunhar isto consegue ser melhor que escarafunchar alguns blogs mais intelectuais, que embora façam o mesmo não têm fotografias a dizer Rita Andrade tem um novo peito. Ler uma revista da cor da camisola do Benfica também não é diferente de ir ao circo ou ao zoológico: por muito mau que seja vemos sempre uma palhaçada ou uma macacada que nos faz rir - a grande vantagem é que a revista faz melhor companhia, e tem outras utilizações, na casa de banho.

* (cusquice) Fui só eu que lá vi o Miguel Vale de Almeida?

22.7.07

Esqueçam a publicidade...

...mas não as cores berrantes - uma combinação assim não pode ser ignorada. Que diria Luís Freitas Lobo sobre estes sinalizadores de posição em campo? Provavelmente nada, mas eu faço questão de dizer: posso afirmar sem receio que Bruno e B. também gostariam de ter uns assim - senti-o em cada olhar -, e como os entendo. Passes milimétricos, remates ao ângulo - a curta e longa distância -, e um controlo de bola digno de um Ronaldinho, Messi ou Ronaldo, tudo isso é possível. Com estes não há qualquer hipótese de encontrar uma desculpa. Tomara não me sentir como uma falsa Cinderella quando com eles jogo.

P.S. 1 - Falcão ligou-me. Queria uns iguais.

P.S. 2 - Ricardinho também. Mandei-o à merda.

O sol, às vezes, gosta de se esconder ali




Cerveja, cerveja...

...cerveja, litros dela. E também vinho, algum. E Whiskey. No dia seguinta, guronsan. Este blog das horas vagas - que em verdade são todas - entrou, passe a redundância, em período de férias.

17.7.07

Roma. Segunda temporada. Último episódio. Se não viram, azar da pilinha (ou Fé vs Conhecimento)

Marco António e Lúcio Voreno gloriosamente embriagados, antecipando o fim próximo:

(...)

MA - Acreditas na vida eterna?

LV - Claro!

MA - Há quem diga que isso não existe, que só temos este tempo aqui...

(pausa meditativa)

LV - Quem diz isso?

MA - Sei lá! Homens sábios... Gregos, provavelmente.

LV - Gregos?! Os Gregos só dizem merda! Que se fodam os Gregos!

MA - Sim, que se fodam!

(e brindam)



P.S. - Pode não parecer (e não parece mesmo), mas asseguro-vos que foi imperdível.

14.7.07

Aviso: Este blog vai entrar na política. Salve-se quem puder

Estava eu descansadinho, de rabo bem colado ao sofá, a praticar o zapping de rotina, quando vejo no telejornal – esse pasquim televisivo - uma notícia sobre as eleições em Lisboa. A minha primeira reacção foi VÃO HAVER ELEIÇÕES EM LISBOA?!?! acompanhada de um imperceptível esgar de espanto, mas logo de seguida voltei a bocejar e a coçar displicentemente o espaço existente entre as virilhas. Confesso, vibro tanto com a política como com as reposições dos programas do Júlio Isidro na RTP Memória. Mais, acho que vejo a coisa como os Morangos com Açucar: o guião é péssimo, os actores pior que merdosos, e por isso nada mais resta a não ser apreciar a paisagem. Ora, como na política só há uma Joana Amaral Dias e esta pouco aparece e nos MCA o cast feminino – refiro-me apenas às maiores de 18, a PJ que não se dê ao trabalho – é renovado a cada seis meses, a escolha é demasiado fácil. O problema é que, como qualquer gato pingado que abra um blog, tenho sido altamente pressionado pelos vários quadrantes políticos para participar na discussão e assumir uma posição sobre estas eleições. Para dizer a verdade, nem sequer voto em Lisboa. Na minúscula terra onde (não) voto, nunca chego a conhecer os candidatos, mas apercebo-me que ganham sempre os que equipam de vermelho, foice e martelo – julgo até que alguém deveria investigar para ver se não há ali marosca. No entanto, como não quero desiludir ninguém e ando à procura de um tacho para rapar, resolvi aceitar o desafio. Informei-me sobredotadamente em cinco minutos sobre o assunto e aqui vai:

Começo por dizer que não votaria no António Costa. Estou a ler o 1984 – sim, eu leio coisas desinteressantes nos intervalos do Record – e ando um pouco paranóico com a possibilidade de concentração de poder num só partido.

Não votaria também no Negrão. Pergunto até: porque é que alguém votaria no Negrão? O homem foi a quarta escolha do partido responsável por tudo isto, sendo que só se lembraram dele depois do – Deus nos acuda - Fernando Pinipon Seara. É preciso dizer mais alguma coisa?

Helena Roseta, nem pensar. Para além de Roseta ser a expressão brasileira para Botão-de-Rosa, algo que não é bom de se imaginar com a Helena, essa coisa de ir contra os partidos depois de se fazer parte da mobília não me entra na cabeça.

O mesmo se aplica a Carmona e acrescento aqui uma preocupação (pouco) sincera com o seu estado de saúde. O homem acredita que faz parte das suas funções andar de BTT e tal, mas aquilo, como se viu, é demasiado perigoso para a sua integridade física e eu não gosto de ver ninguém sofrer, com excepção do Carrilho – não podia deixar de agradecer ao ex-presidente, esse híbrido de Augusto Santos Silva e Prum Face (do Dick Tracy), o prazer que foi aquela humilhação pública do Manuel Maria.

Também não votaria no Rúben de Carvalho. Já estive em Cuba em trabalho de espionagem para a CIA e preferia que me largassem na savana africana todo nú e enrolado em suculentos bifes de vaca a votar em alguém que apoiasse o regime de Fidel. Além disso, sinto sempre vontade de me vingar de todo o Marx que fui obrigado a ler.

Sá Fernandes sai caro, é chato e demagógico até mais não, e nunca me conformaria em aceitar lições de moral de alguém que fuma mais charros do que eu – sim, não é por acaso que o homem precisa de 2348 assessores para carburar.

O Telmo Correia provou nesta campanha que tem um talento inato para lavar paredes e eu acho que se deve sempre aproveitar qualquer talento que a natureza nos dá. Como está difícil ser eleito para vereador, basta esperar um pouco e pedir uma cunha para técnico de superfície. Aconselho também a audição contínua de Muda de Vida, do mestre Variações.

Garcia Pereira mete tanto medo que me impede de fechar a pestana, parece-me que vai acender um rastilho a qualquer momento e mandar tudo pelos ares. Até tremo!

O Câmara Pereira é inofensivo, mas ficava melhor a cantar Lisboa Não Sejas Francesa embrulhado numa capa vermelha no Campo Pequeno em dia de tourada.

Quanto ao outro Zé que faz falta - o proto-Hitler - acho que faz mais falta na Buraca, empunhando um cartaz com uma suástica num concerto dos Irmãos Verdades. Ou então nos chuveiros de uma qualquer prisão americana.

Esqueci-me de alguém? Provavelmente. Os candidatos – como os actores dos MCA – são mais que as mães, mas isso agora é completamente irrelevante. Se votasse em Lisboa, o que faria era desenhar apressadamente uma cruz no quadradinho que dissesse Eu só quero é fugir daqui!


P.S. - Esqueci-me do Manuel Monteiro? Mas quem é o Manuel Monteiro?

12.7.07

Querido diário:

Acordei com a notícia de que Ricardo assinara pelo Vitória de Setúbal de Espanha e Stojkovic pelo Orlando Pirates de Portugal. Dizem que um é o contrário do outro, no que às qualidades de guarda-redes diz respeito. Que frangos serão menos dolorosos de sofrer, aqueles que resultam de cruzamentos mal interceptados, ou os que se seguem a um tosco passe para o adversário? Com esta dúvida metafísica começou o meu dia.

Pouco depois li uma notícia que me fez perceber que Tello, apesar de ter saído por sua vontade do Sporting, não conseguiu suportar a dor da partida. Vai daí toca a embebedar-se com o Contreras - outro deprimido pela mesma causa -, a juntar umas meninas, a virar um hotel de pantanas, e toma lá 20 jogos de suspensão de ressaca. Apreciei a ironia, esqueci por momentos a dúvida, e o meu dia melhorou.

Mais tarde li que Pepe, ao assinar pelo Real e num momento de asswipping com objectivo de integração, apontou Casillas como uma das suas referências. Casillas respondeu dizendo que não conhecia o Pepe. Tive pena do rapaz, mas não deixei de esboçar um sorriso trocista. Fiquei bem disposto.

Já de noite, perguntei a um amigo meu, também sportinguista de religião, o que achava do Stojkovic. Resposta: é pá, já te digo, tenho de ir cagar. Mas disse tudo: a metafísica é coisa que não tem resposta. E assim acabei o dia na merda.

Vou-me deitar. Amanhã chega o Purovic.

10.7.07

Oh Bento, não queres rever essas notas de pré-época?

É que tive a infelicidade de ver jogar o Paulo Renato, mais que uma vez, e estou com medo. Muito medo.

P.S. – Quanto a Pereirinha, estou com feeling de que vai ser melhor que o Porfírio e o Poejo juntos - o que já chega para superar muita da Coentrada que anda por aí.

Couceiro

O Bruno já desancou mais um bocadinho no homem. Eu, como boa pessoa que sou, não quero ir por aí. A sério. Ok, é mentira. Mas para dizer a verdade, verdadinha, até simpatizava com o Zé Peyroteo - é assim que o trato nos comícios de FM. Só que um dia ele chegou ao Porto e tive de passar a gostar menos. Depois saiu do Porto e passei a gostar ainda mais, mas para mim é muito fácil gostar de quem não tem sucesso no FCP ou no SLB. Por exemplo: o Rentería é o meu ponta-de-lança de eleição desde Van Basten, e o Beto, ex-Benfica, é o meu jogador preferido de sempre pós-Stoichkov - e poderia enunciar outros nomes ad infinitum (e esta adenda foi só para poder usar ad infinitum numa frase). O problema é que Couceiro, apesar de nada ter ganho, ficou com o SPFCP (Síndrome de Passagem pelo FCP), que se caracteriza por uma atitude estupidamente arrogante, por aquela ideia conspirativa de que lutam sempre contra tudo e contra todos (excepto os árbitros) e de que nada de mau acontece por culpa deles. Jesualdo, que era o maior panhonha do futebol português, já sofre do mesmo mal e acrescentou-lhe os árbitros, pelo que ao SPFCP teremos de acrescentar PAP (Pós-Apito Dourado) – em breve escreverei uma tese sobre o assunto. Quanto a Couceiro, nada me impressiona mais do que o seu orgulho inabalável em frente ao banco enquanto as suas selecções adolescentes são estilhaçadas no campo: o homem brilha por todo o lado, é a cabeça levantada, são os olhos semi-cerrados, o corpo hirto como uma estátua, o esboço de sorriso maroto e confiante, tudo na direcção das câmaras, como quem diz já me estão a tramar, mas eu sou mais forte e melhor que tudo isto. Depois chegam as conferências e parece que se viu outro jogo: os seus jogadores continuam a ser extraordinários e a sua equipa merecia ter ido mais longe, mas não deixaram - entretanto vamos ouvindo um ou outro jogador que não perdeu a noção da realidade dizer que jogaram mal, que erraram aqui e ali, ou seja, que viu o mesmo jogo que todos os outros. A imprensa, justificadamente, cai-lhe em cima como se não houvesse amanhã. Couceiro - com pouca imaginação e sem vontade de olhar para o espelho para ver algo mais para além da sua impecável figura - defender-se-á mais uma vez dizendo que é fácil criticar quando não se percebe do jogo. Algo me diz que está apenas à distância entre Portugal e Chile de aprender a lição.

Começo por uma notícia pouco fresca...

...mas que ainda não cheira mal: o Boavista contratou Kifuta, jogador de futuro promissor (dizem eles) visto que passou pelas camadas jovens do Sporting. Pois eu digo desde já que não verão nenhum trocadilho nos desportivos do género Ki Puta de jogador. Como se diz numa linda terra de fábricas abandonadas, edifícios decadentes e altas taxas de desemprego e toxicodependência – mas com boas praias – não basta nadar no Sado para se ser Sadino. Podem emprestá-lo desde já ao União de Lamas.

Já passaram sete dias...

...desde os Arcade Fire. Calma, calma, não se ponham já a procurar pornografia na net, este não é mais um post sobre essa banda fenomenal. Confesso que após o concerto me senti como um miúdo dos anos 80 a quem tinham dado um daqueles chupa-chupas de Badajoz: embriagado de felicidade, a vida pareceu-me mais bonita, cheia de sonhos e esperança no futuro – no caso dos chupas, de encontrar um camião cheio deles. Entretanto, decorrida que está uma semana, tempo mais que suficiente, já me passaram a vontade e a crença de mudar o mundo – onde é que tinha a cabeça? - e os meus níveis de ócio e estupidificação recuperaram os valores habituais. Posso afirmar convictamente: sinto-me tão alienado como antes. Ora, como a minha vida gira em roda de cinco ou seis coisas apenas, sendo que duas ou três delas não interessam para aqui, e que de outras duas não me apetece falar, eis que só me resta o futebol para sustentar as minhas convicções. Atentem aos posts seguintes.

8.7.07

Num hipermercado perto de si

Dildo orgânico, marca (ou qualidade?) Latina. Vende-se ao quilo, setenta e poucos cêntimos cada. Strap-on vendido separadamente.

5.7.07

Música de elevador?



P.S. - Está encerrado este capítulo.

Mas afinal, depois de tanto post ilustrativo, o que é que os Arcade Fire (e já agora o Sete Palmos de Terra) têm de especial?

Depois dos incontáveis - leia-se inexistentes - pedidos, achei que devia tentar explicar o porquê de tanta euforia com a melhor banda do século XXI e do XX se por lá tivesse andado. Estarei a exagerar? Talvez, mas não creio. Nas primeiras horas de uma quarta-feira, dia quatro de Julho do ano dois mil e sete, D.C., algumas almas - as que estão por dentro do fenómeno e todas as outras que presenciaram o concerto - terão sentido qualquer coisa entre um orgasmo universal e a descoberta do sentido da vida. Estarei a exagerar? Ok, talvez um pouco, mas andou lá perto. Segundo me diz MA ao telefone, é já lugar comum associar os Arcade Fire a uma celebração, a uma comunhão com a vida, enfim, a uma experiência quase religiosa. Para quem os ouve como se esperasse algo assim desde que começou a ouvir música - que é, acredito, o que se passa em larga escala - é impossível fugir disso. Não se deixem enganar, não se trata de uma celebração meramente festiva, nula em conteúdo, para isso vamos ao bailarico da terra e tudo bem, o pessoal diverte-se, volta para casa, e amanhã é outro dia, que por sua vez é igual a tantos outros. A maior parte das diversões é assim, talvez para se manter a possível sanidade mental. Mas os Arcade Fire - e aqui traço o paralelismo com a série Sete Palmos de Terra - não fogem das amarguras da vida, não as escondem, não as ignoram, nem se limitam a enumerá-las à distância como uma sequência de notícias de telejornal, antes absorvem-nas como podem e seguem em frente, num processo de constante reconstrução a partir das cinzas. Na sequência da dor, vê-se que há ali uma enorme vontade de viver, não propriamente num sentido anárquico, hedonista, ou simplesmente despreocupado - disso já houve exemplos artísticos mais que suficientes -, mas antes uma vontade que custará o que tiver de custar e que é em grande parte erigida sobre as pessoas que já não (lhes) existem - seja na realidade dos músicos ou na ficção das personagens da série. Faz todo o sentido que assim seja: talvez só o testemunhar de tal efemeridade tenha a capacidade de nos despertar para qualquer coisa significante. Nestes dois casos, na pior das hipóteses, fica-se com uma sensação de esperança para todos nós, os que existem e os que estão por existir. Consegue-se acreditar em algo de melhor, seja lá o que isso for - e aqui entra a parte quase religiosa.
Ao assistir a um concerto, é óbvio que não se pára entre as músicas para pensar nisto. Esse é o momento da tal comunhão, entre uma plateia que de alguma forma se identifica com os artistas, através da sua música, e os próprios artistas que, mais do que identificarem fiéis, encontram alguém com quem partilhar o que lhes é valioso. A euforia colectiva que daí resulta é o expoente máximo de toda a experiência. É mais tarde, assente que está a poeira, que tudo isto fica. E isso já quer dizer muito.

P.S. - Só mais uma youtubada e prometo acabar com posts sobre os Arcade Fire.